LISBOA, 12 Jul (Reuters) - Portugal atraiu o apetite dos investidores e colocou 1.000 milhões de euros (ME) de 'bonds' a 10 e a 28 anos, com as taxas levemente abaixo do secundário e a pagar menos de 4 pct na emissão mais longa, a primeira desde antes do país ter mergulhado numa grave crise de dívida soberana em 2010.
O montante indicativo era entre 750 e 1.000 ME. O Tesouro colocou 685 ME a dez anos, com a taxa a fixar-se nos 3,085 pct, enquanto a 28 anos fez uma colocação de 315 ME a 3,977 pct.
A última vez que Portugal colocou dívida numa maturidade semelhante foi em 2009. Portugal pediu um resgate ao FMI e aos parceiros europeus em 2011, numa altura em que o país não conseguiu aceder aos mercados financeiros e manteve-se ausente durante 3 anos.
A taxa a 10 anos compara com a 'yield' de 2,851 a 10 anos paga em meados de Junho de 2017. Em Setembro de 2016, o Tesouro colocou 250 ME dívida a 20 anos, a uma taxa de 4,04 pct.
A procura superou a oferta em 1,52 vezes na maturidade a 10 anos e em 2,15 vezes a 28 anos.
O soberano continua apoiado pelo massivo programa de estímulos monetários do Banco Central Europeu, que incluem a compra de obrigações dos vários países do euro.
Contudo, nas últimas duas semanas, os 'yields' dos mercados de obrigações na Europa e EUA têm agravado, com os investidores a recearem que o Banco Central Europeu comece a reverter os estímulos monetários extraordinários e com as crescentes indicações que a economia dos EUA está pronta para outra subida de taxas de juro.
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 3,12 pct, próxima de máximos desde Maio.
Portugal prevê cortar o défice para 1,5 pct em 2017, de 2 pct em 2016, projectando uma expansão de 1,8 pct do PIB-Produto Interno Bruto, de 1,4 pct no ano passado.
(Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)