LISBOA, 13 Jun (Reuters) - O Tesouro português colocou 1.000 milhões de euros (ME) em Obrigações do Tesouro (OT) a cinco e a 10 anos, com as taxas a subirem face a mínimos históricos no leilão anterior, perante a expectativa de que o Banco Central Europeu sinalize o fim do programa de estímulos.
O mercado antecipa que o BCE sinalize, amanhã, o fim do seu programa de compra de activos -- quantitative easing -- com a expansão da economia da Zona Euro a levar a inflação para perto da meta do banco central.
As 'yields' do sul da Europa, apesar do alívio recente com algum aliviar da tensão política em Itália, sofreram no último mês um agravamento devido aos receios então quanto a um Governo 'anti-establishment', que entretanto, reiterou o seu compromisso com o euro.
O IGCP - agência que gere a dívida pública portuguesa - colocou 412 ME de OT a 5 anos e 588 ME a 10 anos, o valor máximo que se propunha colocar neste leilão de mercado primário.
As OT a 10 anos fixaram uma taxa 'allotment' de 1,919 pct, acima dos 1,670 pct no leilão de 'bonds' equivalentes também realizado no mês anterior, mas inferior à 'yield' a que estão a negociar no mercado secundário.
A 'yield' das OT de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 1,959 pct, contra 2,014 pct no último fecho.
Adiantou que a 'yield' dos bonds a cinco anos se situou em 0,746 pct face aos 0,529 pct no anterior leilão em Maio.
A colocação dos 'bonds' mais longos teve um rácio bid-to-cover de 2,28 vezes face 2,28 vezes no leilão anterior, enquanto a procura excedeu a oferta em 2,7 vezes na maturidade mais curta versus 2,79 vezes antes.
Itália viveu semanas de instabilidade, antes da tomada de posse do novo Executivo, que levaram a um agravamento das yields na periferia europeia. A terceira maior economia do bloco tem agora um Governo de coligação 'anti-establishment', composto pelo Movimento 5-Estrelas anti-sistema e pela Liga Norte, de direita radical.
Portugal está a passar pela sua fase de crescimento mais forte desde o início do século, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) crescido 2,7 pct em 2017, acima dos 2,6 pct previstos pelo Governo e contra 1,5 pct em 2016.
Neste programa, o Governo estima que a economia portuguesa cresça 2,3 pct tanto em 2018 como em 2019 e em 2020, projectando crescimentos de 2,2 pct em 2021 e 2,2 pct em 2022.
O país vai aproveitar o crescimento da economia e manter a 'mão forte' na redução do défice nos próximos dois anos, prevendo cortá-lo para 0,2 pct do PIB em 2019 contra 0,7 pct revistos em 2018 e visando excedentes a partir daí, segundo o Programa de Estabilidade.
No Programa de Estabilidade, o Governo prevê que Portugal tenha um excedente de 0,7 pct do PIB em 2020, reforçando o 'superhavit' para 1,4 pct em 2021 e fixando-o em 1,3 pct em 2021.
(Por Patrícia Vicente Rua Editado por Sérgio Gonçalves)