LISBOA, 13 Set (Reuters) - Portugal emitiu 850 milhões de euros (ME) de obrigações do tesouro a 10 anos, com os juros a aliviarem substancialmente face à última emissão em Julho, com os bons dados de retoma da economia portuguesa e após a Moody's ter melhorado a perspectiva de notação, suportados pela expectativa que o BCE seja cuidadoso a retirar os estímulos monetários, segundo operadores.
O Tesouro pagou 2,785 pct, a 'yield' mais baixa desde finais de 2015, contra 3,085 pct na emissão anterior comparável. A procura superou a oferta 2,06 vezes. O montante indicativo era entre 750 e 1.000 ME.
O soberano continua apoiado pelo massivo programa de estímulos monetários do Banco Central Europeu, que incluem a compra de obrigações dos vários países do euro.
Na emissão anterior comparável em Julho, o mercado de obrigações estava sob pressão de uma onda de receios que o Banco Central Europeu inicia-se a reversão dos estímulos monetários extraordinários e indicações que a economia dos EUA está pronta para outra subida de taxas de juro.
A 'yield' dos 'bonds' de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB , negociados em mercado secundário, recuou de um máximo de Julho nos 3,2 pct para 2,82 pct hoje.
Na reunião de política monetária em Setembro, o Presidente do BCE, Mário Draghi, disse que o 'board' estaria pronto para anunciar os próximos passos de política monetária na reunião de Outubro, momento que poderá ser o tiro de partida para o desmontar da 'bazuca' de compra de obrigações do BCE.
Fontes com conhecimento directo da discussão da última reunião do BCE disseram à Reuters que existem várias opções em cima da mesa, incluindo diminuir o actual ritmo de 60.000 milhões de euros de compras de obrigações por mês para 40.000 ou 20.000 ME, prolongando, contudo, o programa para lá do prazo actual de Dezembro.
Ontem, o Vice-Presidente do BCE, Vítor Constâncio, disse que as ferramentas pouco convencionais dos bancos centrais têm, no geral, resultado e devem continuar a fazer parte do arsenal de políticas apesar de algumas deficiências. no início de Setembro, a agência de notação Moody's melhorou a perspectiva de 'rating' de Portugal para positiva, de estável, sinaliznado uma maior resiliência do crescimento económico, assim como as recentes melhorias orçamentais e da estrutura de dívida. sexta-feira, a Standard&Poor's poderá pronunciar-se sobre a notação de Portugal.
O Governo antevê uma expansão superior a 2 pct este ano, o que deverá ajudar a reduzir o défice para 1,5 pct do PIB, de 2 pct em 2016.
O Banco de Portugal prevê que a economia lusa creça 2,5 pct em 2017 e 2 pct em 2018 após o crescimento de 1,4 pct no ano passado. A economia portuguesa cresceu em termos homólogos 2,9 pct no segundo trimestre de 2017 apoiada no "elevado contributo" da procura interna, com a aceleração do investimento. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)