LISBOA, 13 Set (Reuters) - Portugal está numa posição de financiamento confortável e o risco de poder haver um segundo resgate financeiro é baixo, disse a agência de 'rating' Moody's, que vê o país a cortar o défice público para abaixo dos 3 pct do PIB em 2016.
Numa nota, a Moody's realçou que espera que o Orçamento para 2017 seja aprovado com o apoio do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista Português (PCP) dado que estes "têm poucos incentivos em forçar eleições antecipadas".
"O risco (de um segundo resgate) é baixo, em nossa opinião. A posição de financiamento do Governo é confortável", afirmou a Moody's.
Apesar de esperar que as metas orçamentais continuem "a ser 'desperdiçadas', o défice orçamental irá provavelmente estabilizar abaixo de 3 pct do PIB, um desempenho melhor do que vários outros soberanos da área do euro".
"Este seria um desempenho melhor do que Portugal historicamente conseguiu, com o saldo primário a atingir um excedente sustentado de cerca de 2 pct do PIB", afirmou.
"A posição de financiamento do Governo é muito confortável, com uma grande 'almofada' de caixa e limitadas necessidades de financiamento para o restante do ano", explicou.
Lembrou que, em Junho último, Portugal tinha uma "grande 'almofada' de liquidez de cerca de 12.000 milhões de euros (ME) ou 6,5 pct do PIB face ao seu target de fim do ano de 6.400 ME e à amortização de 4.200 ME de um Bond em Outubro.
"De acordo com o seu plano de financiamento, o Governo visa emitir mais 4.400 ME antes do final do ano", disse.
Recordou que "o Banco Central Europeu (BCE) comprou até agora em torno de 1.100 ME de bonds portugueses, como parte do seu programa de Quantitative Easing (QE).
"O risco (de um segundo resgate) não pode ser completamente descartado e isso reflecte-se na nossa classificação de grau de não-investimento para Portugal. No entanto, acreditamos que isso é improvável a breve trecho".
A Moody's, que atribui a Portugal um 'rating' de 'lixo' Ba1 com perspectiva estável, acrescentou que o enfraquecimento da economia e o aumento dos riscos para a trajetória da dívida estão a exercer uma pressão descendente sobre solvência soberana do país.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)