Por Sergio Goncalves
LISBOA, 30 Mar (Reuters) - O Governo criou uma estrutura de missão sob a dependência directa do primeiro-ministro para atrair para Portugal investimento britânico que queira permanecer na União Europeia (UE) após o Brexit, disse a ministra da Presidência do Conselho de Ministros (CM).
A primeira-ministra conservadora do Reino Unido, Theresa May, declarou na quarta-feira que não há viagem de regresso do Brexit - uma maioria de 52 por cento dos britânicos optou pela separação do Reino Unido face à UE.
"Foi aprovada a criação de uma estrutura temporária designada por 'Portugal In', que terá como desígnio atrair para Portugal investimentos que pretendam permanecer na UE após a saída do Reino Unido. Esta estrutura estará sob a dependência do primeiro-ministro", disse a ministra da Presidência do CM em conferência de imprensa.
O mandato desta estrutura de missão termina em Dezembro de 2019.
"Esta estrutura de missão vem contribuir para o cumprimento do objectivo do programa do Governo de captação de mais e melhor investimento directo estrangeiro, essencial para reforçar a competitividade da economia nacional", referiu a ministra.
Maria Manuel Leitão Marques adiantou que, "através da promoção dos factores de diferenciação e complementariedade que Portugal oferece, nomeadamente ao nível dos recursos humanos e da posição geoeconómica do país, pretende-se dinamizar a capacidade empresarial nacional e a criação de emprego".
Acrescentou que esta estrutura de missão para o investimento estrangeiro será constituída por uma comissão executiva de que são membros Bernardo Trindade, que é o presidente, Chitra Sternée Rathinasabapathy e Gonçalo da Gama Lobo Xavier.
Ontem, o BP reviu quadro décimas em alta a projecção de crescimento da economia portuguesa para 1,8 pct do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, prevendo agora que o investimento e as exportações cresçam mais fortemente.
O PIB de Portugal cresceu 1,4 pct em 2016, contra 1,6 pct em 2015, e o Governo prevê que cresça 1,5 pct em 2017, embora tenha havido uma aceleração do crescimento na segunda metade de 2016 que, por efeitos de 'carry over', pode levar a economia a crescer mais.
Portugal cortou o défice público para o nível mais baixo em 42 anos de Democracia nos 2,1 pct do PIB em 2016, muito abaixo do que impunha Bruxelas, reforçando o argumento do Governo que o país sairá do Procedimento de Défices Excessivos (PDE), segundo o INE, que vê o défice a descer para 1,6 pct em 2017.
A 24 de Março, o ministro das finanças Mário Centeno disse que Portugal vai sair do Procedimento por Défices Excessivos após ter cortado o défice público para menos de metade nos 2,1 pct em 2016 "sem milagres ou habilidades. Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)