As quedas dos pesos-pesados CTT, NOS, Jerónimo Martins e Galp Energia empurraram a Bolsa de Lisboa .PSI20 para uma descida de 0,45 pct, acompanhando as quedas europeias, após os empresários alemães se terem mostrado mais pessimistas, enquanto se espera pelo discurso da presidente da Reserva Federal dos EUA, segundo traders.
** Os principais índices europeus encerraram no 'vermelho' com quedas de até 0,95 pct em Milão, onde ao tombo da banca se juntou a deterioração do sentimento dos empresários na Alemanha em Agosto, que fixou a maior queda mensal desde o 'pico' da crise das dívidas soberanas da zona do euro em 2012.
O instituto económico Ifo referiu que o seu índice de clima de negócios, baseado num inquérito mensal a cerca de 7.000 empresas alemãs, caiu para 106,2 em Agosto, contra 108,3 em Julho, num sinal de que o 'Brexit' afectou fortemente a confiança dos executivos das empresas. As atenções dos investidores estarão, no entanto, centradas no encontro anual de bancos centrais mundiais em Jackson Hole, Wyoming, onde a presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, deverá oferecer amanhã um novo 'guidance' quanto à política monetária norte-americana.
Recentemente dois importantes decisores de política monetária dos EUA: o Vice Chairman, Stanley Fischer, e o presidente do Fed de Nova Iorque, William Dudley, referiram a possibilidade de uma subida de taxas já no próximo mês.
Contudo, o mercado dá 24 pct de hipótese a um aumento de taxas em Setembro e 57 pct de uma subida em Dezembro.
"O que achamos é que o Fed não vai subir taxas até ao ano que vem", disse John Doyle, director de mercados na Tempus Consulting, em Washington.
"A economia norte-americana está a fazer melhor que muitas mas não está explodir. A inflação está ainda super baixa. Então, o Fed não precisa de subir taxas nesta altura", frisou.
** Em Lisboa, o tombo de 2,08 pct dos CTT CTT.LS foram o principal factor de pressão no índice.
** A retalhista Jerónimo Martins JMT.LS caiu 0,48 pct, a Galp Energia GALP.LS desceu 0,46 pct, a Mota-Engil MOTA.LS perdeu 0,95 pct e a NOS NOS.LS caiu 0,53 pct, apesar do Caixa Banco de Investimento considerar que a telecom mostrou uma forte tração nos pacotes convergentes de telecomunicações.
Realçou as adições líquidas em todos os segmentos no segundo trimestre de 2016, que deverão continuar a suportar a sua boa performance operacional.
** A EDP (SA:ENBR3) EDP.LS encerrou estável em 3,009 euros, enquanto a EDP Renováveis EDPR.LS recuou 0,44 pct, apesar de ter recebido um início de cobertura favorável.
O Axia Ventures Group iniciou a cobertura da EDP Renováveis com uma recomendação de 'Buy' e um preço-alvo de 8,3 euros por acção, o que confere ao título um potencial de valorização de 18,6 pct. O Montepio MPIO.LS cai 0,42 pct, após ter anunciado que agravou o prejuízo para 67,6 milhões de euros (ME) no primeiro semestre de 2016, face às perdas de 29 ME há um ano atrás, com fortes custos de reestruturação e contirbuições para os fundos de resolução europeu e nacional. Pela positiva apenas dois títulos: o Millennium bcp BCP.LS ganhou 1,11 pct e a Semapa SEM.LS subiu 0,09 pct.
YIELD
** A 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos segue estável nos 3 pct, após ter caído 4 pontos base (pb) ontem, depois do acordo entre Bruxelas e Lisboa para recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ter atenuado os receios dos investidores quanto ao sistema financeiro em Portugal, segundo dealers.
Os Bonds europeus estão expectantes quanto à reunião anual de bancos centrais mundiais em Jackson Hole, Wyoming, que tem início amanhã, aguardando por pistas sobre o 'timing' de subida de taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed) nos EUA.
A presidente da Fed, Janet Yellen, discursa na sexta-feira, o que condiciona a liquidez dos mercados dada a incerteza sobre se sinalizará uma subida de taxas nos EUA tão cedo quanto Setembro ou lá mais para o final de 2016.
Ontem, a Comissária Europeia da Concorrência chegou a um acordo de princípio com Portugal para uma injeção de 5.160 milhões de euros (ME) no capital da estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), incluindo uma tranche directa do Estado de 2.700 ME, disse ontem fonte oficial da Comissão Europeia (CE).
A CGD é o maior banco de Portugal e as negociações com Bruxelas já duravam há largos meses, sendo que este reforço de capital é crucial para fazer face ao aperto dos requisitos regulatórios, às elevadas imparidades de crédito, à reestruturação e à necessidade de criar um 'buffer'.
(Por Patrícia Vicente Rua)