Por Susan Heavey
WASHINGTON, 16 Fev (Reuters) - Importantes republicanos fizeram a mais ousada objeção até agora ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao prometerem ir até ao fundo acerca da relação de assessores de Trump e a Rússia, e pedirem que o conselheiro de segurança nacional demitido Michael Flynn testemunhe perante o Congresso.
O senador Bob Corker, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e outros senadores do partido de Trump pediram mais informações, enquanto a Casa Branca se vê envolvida numa série de perguntas sobre os contactos entre a equipe de Trump e a Rússia.
O jornal New York Times noticiou na terça-feira que registos de chamadas telefónicas e chamadas interceptadas mostraram que membros da campanha presidencial de Trump e outros associados seus tiveram contactos repetidos com importantes autoridades de inteligência russas nos meses que antecederam a eleição de 8 de novembro, em que o actual presidente derrotou a democrata Hillary Clinton.
Flynn foi repentinamente forçado a deixar o cargo de conselheiro de segurança nacional de Trump na segunda-feira, depois de ter sido revelado que discutiu as sanções dos EUA contra a Rússia com o embaixador russo em Washington, antes de Trump assumir o cargo, e que posteriormente enganou o vice-presidente Mike Pence sobre essas conversas.
"Vamos revelar tudo o mais rápido possível sobre essa questão russa", disse Corker ao programa "Morning Joe", da MSNBC.
"Eu gostaria de ter certeza, com toda esta suspeita, de que todo mundo entende o que aconteceu, caso contrário, talvez haja um problema que, obviamente, vai muito mais fundo do que agora suspeitamos", acrescentou Corker.
A saída de Flynn foi a mais recente de uma série de equívocos e controvérsias da Casa Branca desde que Trump tomou posse em 20 de janeiro. Corker expressou o seu alarme sobre o modo como o governo está a funcionar, referindo-se a "tanta maledicência".
"A Casa Branca vai ter a capacidade de se estabilizar?", perguntou, expressando também preocupação de que a questão russa possa "desestabilizar a nossa capacidade de avançar como país".
O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, uma proeminente voz republicana na política externa e que foi crítico de Trump, pediu uma investigação bipartidária mais ampla do Congresso, a ser conduzida por um comité especial, se a campanha presidencial de Trump tiver mantido contacto com os russos.
"Se é verdade, é muito, muito perturbador para mim. E a Rússia tem de pagar um preço quando se trata de interferir na nossa democracia e em outras democracias, e qualquer pessoa de Trump que trabalhou com os russos de uma forma inaceitável também tem de pagar um preço", disse Graham ao "Good Morning America", da ABC.
Numa série de mensagens no Twitter na quarta-feira, Trump chamou de absurda a reportagem sobre a conexão russa com a sua equipe, acrescentando: "O verdadeiro escândalo aqui é que a informação confidencial foi ilegalmente dada pela 'inteligência' como um doce".
Corker chamou as fugas de informação para os meios de comunicação como uma mera "sub-questão", dizendo que o principal é "ir ao fundo sobre a interferência russa e qual foi o relacionamento com os associados de Trump".
As agências de inteligência norte-americanas concluíram anteriormente que a Rússia invadiu e-mails do Partido Democrata durante a campanha eleitoral como parte dos esforços para inclinar o voto a favor de Trump.
O secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, negou na terça-feira ter havido qualquer contacto entre qualquer membro da equipe de campanha de Trump e a Rússia.
Corker disse que o testemunho de Flynn diante do Congresso "seria uma coisa muito apropriada".
O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, rejeitaram a necessidade de criar um comité especial para investigar o assunto, mas prometeram que o Congresso liderado pelos republicanos avançaria nos comités existentes. (Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)