_O Fórum económico mundial sobre África reuniu mais de mil personalidades, da política, da economia e da sociedade civil._
O encontro decorreu na África do Sul no início de setembro, na presença de vários chefes de Estado africanos. "A realidade é que a nossa economia não cresce o suficiente para fazer face aos desafios atuais. A economia cria novos empregos mas o número de empregos criados não é suficiente para diminuir a taxa atual de desemprego", afirmou Cyril Ramaphosa, presidente sul-africano.
A quarta revolução industrialA transição para a quarta revolução industrial, marcada pela convergência das várias tecnologias digitais, da engenharia genética às neurotecnologias, foi um dos temas em destaque no fórum. "Se nos colocarmos na perspetiva de África, queremos identificar-nos com o quê? Tivemos aqui muitos países, o Quénia, o Ruanda. Oferecemos serviços de saúde usando drones. Quem produz os drones? Quem os programa? Qual é o espaço que África deve ocupar. Qual é a força do Quénia, da Zâmbia, uma força que por exemplo, a África do Sul não tem? Temos de colaborar uns com os outros", afirmou Stella Ndabeni Abrahams, ministra da Comunicação e das Tecnologias Digitais, da África do Sul.
A exclusão dos mais pobres é um dos riscos associados à quarta revolução industrial."As competências são a área mais importante. Temos de fornecer competências digitais a quem não as tem. Temos de investir nos recursos de que vamos necessitar mas o mais importante é identificar o espaço que África deve ocupar na quarta revolução industrial", sublinhou a ministra sul-africana.
Stella Ndabeni Abrahams, ministra da Comunicação e das Tecnologias Digitais da África do Sul
A zona de comércio livre em ÁfricaA questão das desigualdades sociais voltou a ser colocada no seguimento da criação da zona de comércio livre em África que visa promover o comércio intra-africano. "A zona continental de comércio livre foi um dos grandes temas em debate. como impedir os monopólios que existem atualmente? Os monopólios vão acabar por dominar o mercado pan-africano. Penso que temos uma boa abordagem, ao nível político, que nos permitirá evitar esse problema e criar oportunidades para novos negócios na economia africana", afirmou Petrus de Kock, da empresa de Comunicação Brand South Africa.
Os diretores das grandes empresas internacionais presentes no mercado sul-africano estão conscientes dos desafios atuais. "Tudo o que afeta os nossos empregados nos preocupa. Penso que as reestruturações atuais no seio do governo são positivas. Há muitos problemas neste país que têm de ser resolvidos. Quer seja ao nível de entidades de Estado, da criminalidade ou do desemprego. Nem os industriais sozinhos, nem os políticos sozinhos, podem fazê-lo. É algo que nos afeta a todos, mas acredito que a África do Sul é a melhor base industrial do nosso grupo e por isso adoro estar aqui", frisou Thomas Schafer, diretor da Wolkswagen para a África Subsariana.
Investimento e empregoPara o diretor da Cisco (NASDAQ:CSCO), a tecnologia pode ajudar a criar economias de escala. "O investimento que iniciámos na África do Sul para criar empregos está a dar origem a uma série de pequenos parceiros que se estendem para lá das fronteiras sul-africanas. Temos um centro inovador que é também um incubador de empresas no Quénia, e prevemos construir outro na Nigéria. O que é interessante em relação a esses centros é que eles vão ligar-se uns aos outros. Há start-ups que vão instalar-se no Leste de África ou no Quénia, por exemplo, e que colaboram com start-ups da África do Sul ou do Oeste do continente, em Lagos. Desta forma, temos uma solução para todo o continente, em vez de termos soluções que só estão disponíveis no mercado para o qual são desenvolvidas", afirmou Clayton Naidoo, diretor da Cisco.
Os chefes de Estado presentes no Fórum Económico Mundial sobre África sublinharam a necessidade de união, ao nível do continente africano, para promover uma economia mais estável e menos dependente do exterior.