Por Sergio Goncalves
LISBOA, 15 Jul (Reuters) - O Governo português não hesitará em revêr as suas previsões macroeconómicas se for preciso, dado o actual contexto de elevada incerteza económica global gerada pela pandemia do coronavírus, disse o ministro das Finanças, João Leão.
Numa comissão do Parlamento, o ministro explicou que as alterações ao Orçamento Suplementar propostas, na discussão na especialidade, levaram a um agravamento da despesa em 400 milhões de euros (ME) e a uma perda de receita até 1.000 ME.
Assim, a estimativa inicial de um défice de 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 aumentou para 7%, mas João Leão disse aquela perda de receita "tem um impacto uma só vez, one off" e não se repetirá para o ano.
"Estamos a fazer previsões num quadro excepcional de elevada incerteza e nós não teremos nenhum receio de alterar as nossas previsões sempre que seja oportuno", disse o ministro das Finanças.
"Não temos nenhuma dificuldade em corrigir previsões, se for caso disso", adiantou, referindo que as projeções estarão dependentes da evolução da pandemia nos diversos sectores económicos.
Em 2019, Portugal teve o primeiro excedente orçamental em 45 anos de democracia, de 0,2% do PIB.
No Orçamento Suplementar, o Governo prevê uma queda de 6,9% do PIB em 2020, após o crescimento de 2,2% em 2019, enquanto estima que a taxa de desemprego suba para 9,6% este ano contra 6,5% no ano passado.
Portugal está a levantar gradualmente o 'lockdown' imposto em 18 de Março mas o sector de turismo, que pesa 15% do PIB, colapsou logo em Abril dado que os 'lockdowns' noutros países e a ausência de voos afastou os visitantes, em especial do seu maior mercado emissor, o Reino Unido.
O Governo vê a dívida pública a subir para 134,4% do PIB este ano contra 117,7% reportados o ano passado.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)