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Por Sergio Goncalves e Andrei Khalip
LISBOA, 4 Jun (Reuters) - O Governo prevê que o PIB português caia 6,9% em 2020 devido à pandemia do coronavírus e que o desemprego suba para 9,6%, disse o primeiro ministro António Costa.
A pandemia interrompeu a trajectória de crescimento de Portugal, cuja economia é muito dependente do turismo, e que cresceu 2,2% em 2019.
Contudo, a queda do PIB prevista pelo Governo está alinhada com a queda de 6,8% estimada pela Comissão Europeia, enquanto o Fundo Monetário Internacional prevê que o PIB caia de 8% em 2020.
O desemprego é visto pelo Governo a subir para 9,6% contra 6,3% em Abril.
"A única forma de recuperarmos desta crise é ir retomando a actividade económica. Não há emprego sem empresas", disse António Costa, em conferência de imprensa, sugerindo substituir "o 'fique em casa' por 'retomemos a atividade'".
O Governo lançou um programa com novas medidas para reactivar as empresas e apoiar os rendimentos das famílias.
O Governo vai aumentar as linhas de crédito com garantias de Estado às empresas até aos 13.000 ME já autorizados por Bruxelas, contra os actuais 6.900 ME, reforçar os capitais permanentes das empresas através de um fundo de capitalização e lançará um veiculo público que promova o financiamento das PME.
O actual regime de layoff simplificado vai manter-se apenas até ao fim do mês de julho mas, para promover que a economia arranque, depois dependerá da facturação das empresas ou de a empresa permanecer ou não encerrada.
Lembrou que, em três meses, o país aumentou em 100 mil o numero de desempregados e nesses 3 meses 800 mil postos de trabalho entraram em situação de layoff.
Os trabalhadores em 'layoff' poderão receber um complemento extraordinário e um abono de família extra para crianças.
O Executivo prolongou a suspensão de pagamento de empréstimos bancários seis meses até ao final de Março de 2021 para evitar um salto no malparado devido à crise provocada pela pandemia de coronavírus, disse o primeiro ministro António Costa.
Estas moratórias, em vigor desde Março, podem ser aplicadas a empréstimos bancários a empresas e crédito hipotecário.
Os principais executivos dos cinco maiores bancos de Portugal, que juntos representam mais de 80% dos activos do sistema bancário do país, já tinham pedido esta extensão.
Portugal, cujo sector bancário ainda está atemorizado pelo disparo do malparado após a recessão de 2010-2013, vai voltar a sofrer um duro golpe com a pandemia e o Fundo Monetário Internacional prevê uma contração de 8% em 2020.
Desde então, os bancos portugueses reduziram os 'non performing loans' (NPL) para 17.200 milhões de euros (ME) em dezembro de 2019, face ao pico de 50.000 ME em junho de 2016.
Desde então o rácio de NPL dos bancos portugueses caiu dos 17,9% para 6,1% do crédito total em dezembro 2019, mas ainda é o dobro da média europeia.
(Por Sérgio Gonçalves)