A pandemia de Covid-19 ficou associada a progressos importantes na tecnologia das vacinas e chamou a atenção para a importância da saúde digital.
O acesso a informação clínica vital pode ser fundamental para garantir o tratamento e a recuperação dos pacientes. A digitalização e a partilha de dados tornaram-se ferramentas essenciais para os sistemas públicos de saúde.
A criação do Espaço Europeu de Dados de Saúde é uma das prioridades da Comissão Europeia.
Trata-se de uma base de dados que visa facilitar o acesso a informações e garantir a continuidade dos cuidados de saúde, mesmo quando o paciente está noutro país europeu. O sistema deverá ser implementado, de forma gradual, ao longo dos próximos anos.
A saúde digital em PortugalPortugal é um dos países europeus que se tem destacado ao nível da digitalização dos sistemas de saúde nos últimos dois anos.
"Com dados digitais aquilo que se pretende é que o dado que é introduzido uma vez sirva todo o sistema gerando informação que alimenta todo um sistema. Isto que acontece em Portugal acontece a variadíssimos níveis. Hoje em dia, temos dados clínicos resultantes da informação clínica sobre cada utente", disse à euronews Luís Filipe Goes Pinheiro, presidente do Conselho de Administração dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).
Atualmente, em Portugal cerca de 98% dos hospitais passam receitas digitais.
Os ficheiros clínicos dos utentes são armazenados online. Os pacientes podem aceder às suas informações de saúde através de um site e de uma aplicação para smartphone, que permite também ligar a um médico para tele-consultas. Através da aplicação os pacientes podem ligar ao Centro de Contacto do Ministério da Saúde para consultas gerais. Para além do português, o atendimento é feito em inglês e em língua gestual.
Os profissionais de saúde podem tirar partido da inteligência artificial e da partilha de dados em várias operações, como a triagem e os tratamentos.
"Estamos a ajudar na tomada de decisão quer dos médicos quer também dos utentes naquilo que possa ser algum tipo de patologias que possam ter e que possam ser mais facilmente detectáveis através destes mecanismos de inteligência artificial", disse à euronews Pedro Marques, Coordenador da Área de Dados, da SPMS.
Intercâmbio de dados no espaço europeuO intercâmbio de dados no âmbito do espaço europeu de dados de saúde é regulado pela legislação nacional e europeia.
O objetivo é garantir um tratamento mais eficiente e um melhor diagnóstico. O sistema deverá favorecer a investigação científica. As empresas europeias poderão mais facilmente conceber medicamentos, dispositivos e serviços personalizados. Espera-se que a partilha de dados possa favorecer melhorias ao nível elaboração de políticas de saúde.
Com base na diretiva sobre cuidados de saúde transfronteiriços, os Estados-Membros colaboram através de uma rede voluntária que liga as autoridades nacionais responsáveis pela saúde online. A Comissão criou a infra-estrutura MyHealth@EU para facilitar o intercâmbio transfronteiriço de dados de saúde.
A saúde digital na AlemanhaNa Alemanha, a saúde digital está a progredir graças a uma aplicação chamado DIGA. Numa clínica em Bottrop, no noroeste do país, os médicos "receitam" aplicações para smartphone, tal como fariam com medicamentos, para ajudar os pacientes a gerir melhor a saúde.
O utilizador pode descarregar as aplicações no smartphone, no tablet ou no computador. Há aplicações para várias patologias e problemas de saúde, desde o cancro às doenças cardiovasculares, as enxaquecas crónicas e a depressão.
"Se pensarmos em exemplos concretos, tais como enxaquecas, perda de peso ou zumbido, é possível beneficiar com um apoio fora do consultório médico, ao nível da documentação, mas também para receber ajuda quando o problema de saúde se agrava, para que o paciente não fique sozinho", disse à euronews o médico alemão Malte Schmieding.
Os países europeus deverão começar a harmonizar as regras e as normas e garantir a segurança dos dados de saúde dos doentes.