Por Sergio Goncalves
LISBOA, 14 Set (Reuters) - O Primeiro-Ministro português sugeriu que o líder do maior partido da oposição, Pedro Passos Coelho, se dedique à caça de Pokemons, em vez estar sempre a antecipar que as políticas governamentais 'chamarão o Diabo' de um segundo resgate, que não tem qualquer sentido.
Segundo a imprensa, o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Pedro Passos Coelho, em Julho, antes das férias de Verão, ter-se-á despedido dos seus deputados com uma dramatização da grave situação económica e financeira em Portugal, dando um conselho: "gozem bem as férias que em Setembro vem aí o Diabo".
Esta semana, Pedro Passos Coelho, aludindo implicitamente a um segundo resgate, afirmou que se esse "mal maior" acontecesse seria "em consequência de acto deliberado" do Governo.
O líder do PSD disse que, "desta vez, se acontecer qualquer coisa desse tipo, só por consequência de ato deliberado", frisando: "quem passou pelo que nós já passámos não pode aceitar que haja qualquer ingenuidade, desatenção, incompetência, distração que permita que uma coisa dessas".
"Não faz o menor sentido, não tem qualquer cabimento falar em qualquer tipo de resgate e portanto quem anda à procura de querer encontrar o Diabo, mais vale dedicar-se à caça de Pokemons, que é mais fácil do que vir a encontrar o Diabo", disse o Primeiro-Ministro António Costa, aos jornalistas.
Convidado a comentar as declarações do Primeiro-Ministro, Passos Coelho escusou-se a comentar.
Portugal está numa posição de financiamento confortável e o risco de poder haver um segundo resgate financeiro é baixo, disse ontem a agência de 'rating' Moody's, que vê o país a cortar o défice público para abaixo dos 3 pct do PIB em 2016. estive intranquilo, porque sempre disse que não faz o sentido, não tem qualquer cabimento, falar em qualquer tipo de resgate", afirmou Primeiro-Ministro.
"Este ano, pela primeira vez em muitos anos, não vamos ficar só abaixo dos 3 pct de défice, mas também abaixo dos 2,7 pct que a Comissão Europeia (CE) chegou a prever, vamos ficar confortavelmente abaixo dos 2,5 pct de défice fixado pela CE".
Explicou que, em simultâneo, as questões problemáticas que têm sido colocadas no sistema financeiro "têm sido resolvidas uma a uma com tranquilidade, não continuando a disfarçar o que irresponsavelmente foi escondido".
Por outro lado, a política tem também permitido cumprir os compromissos com os partidos à esquerda do Partido Socialista (PS), nomeadamente como a redução da sobretaxa de IRS e a reposição de rendimentos das famílias.
Portugal colocou o montante mínimo previsto de 750 milhões de euros de Obrigações do Tesouro (OT) a 20 e sete anos, com o IGCP a 'gerir' o leilão e a recusar pagar taxas muito altas, num contexto de subida dos juros soberanos europeus e quando Portugal prepara um exigente Orçamento de Estado para 2017.
O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou uns tímidos 250 ME de OT a 20 anos e 500 ME a sete anos. O montante indicativo era entre 750 e 1.000 ME.
A taxa de colocação das OT a 20 anos situou-se em 4,04 pct, contra 4,08 pct a que os bonds com maturidade em 2037 PT20YT=RR estão a negociar em secundário, mas acima dos 3,234 pct da última colocação destes a 14 de Outubro de 2015.
O IGCP colocou a emissão a sete anos à taxa de 'allotment' de 2,817 pct, que compara com 2,355 pct do último leilão de bonds a seis anos realizado a 13 de Julho.
"A gestão da dívida tem sido feita com traquilidade, com profissionalismo pelo IGCP, que tem feito as colocações e há uma enorme estabilidade das taxas relativas que têm sido aplicadas em Portugal", disse o Primeiro-Ministro. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)