Por Sergio Goncalves
LISBOA, 28 Jan (Reuters) - Portugal encontra-se numa fase terrível da pandemia do coronavírus, disse o Primeiro-Ministro António Costa, avisando que seriam necessárias algumas semanas até que as coisas pudessem começar a melhorar e que apenas se poderia esperar uma ajuda limitada do estrangeiro.
Com um total de 668.951 casos confirmados de COVID-19 e 11.305 mortes, incluindo um recorde de 293 mortos na quarta-feira, Portugal tem a média mais alta do mundo de sete dias de novos casos diários e mortes por milhão de habitantes.
A situação não é "má", é "terrível", disse Costa ao canal de televisão TVI durante a noite.
"Não vale a pena alimentar a ilusão de que não estamos a enfrentar o pior momento", disse ele. "E vamos enfrentar este pior momento por mais algumas semanas, isso é certo".
Mais de 20 ambulâncias com pacientes da COVID-19 fizeram fila fora do maior hospital de Portugal na quarta-feira à noite enquanto esperavam que as camas ficassem disponíveis, enquanto médicos de outros hospitais alertaram para um risco de colapso do sistema de apoio ao oxigénio.
Costa disse que a situação se agravou em parte porque o seu governo relaxou as medidas restritivas entre o Natal e o final do ano, mas também devido à virulência de uma nova variante do vírus detectada pela primeira vez na Grã-Bretanha.
"Houve certamente erros: muitas vezes a forma como transmiti a mensagem aos portugueses ... e, quando o destinatário da mensagem não a compreendeu, então a culpa é do mensageiro, não tenho dúvidas sobre isso", disse ele.
AJUDA EXTERNA
A Alemanha disse na quarta-feira que ia enviar peritos médicos militares para Portugal para ver que tipo de apoio poderia trazer.
Mas Costa advertiu que não havia muito que a Alemanha e outros parceiros europeus pudessem fazer, acrescentando que "é preciso ter cuidado" com a ideia de enviar doentes para países estrangeiros - como a Alemanha, por exemplo, fez no ano passado com doentes do outro lado da fronteira, em França.
"É diferente para um país que tem uma posição geográfica como Portugal - entre o Atlântico e Espanha - do que para um país que está no centro da Europa com fronteiras com vários países e, portanto, onde a colaboração transfronteiriça é muito mais comum e muito mais fácil".
Em relação a uma possível ajuda alemã, disse ele: "Em tudo o que Portugal pediu, infelizmente não têm disponibilidade, nomeadamente médicos, enfermeiros. Eles têm ventiladores, mas de momento não precisamos deles porque temos o suficiente".
Numa rara nota de esperança, acrescentou que as medidas de confinamento decididas na semana passada deveriam, em princípio, começar a ter um impacto nos números de contágio na próxima semana.
Texto integral em inglês: (Por Sergio Goncalves; Escrito por Ingrid Melander; Editado por Alex Richardson; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)