Nesta edição de Business Angola falamos de duas empresas angolanas que apostaram na produção de em vinhos e bebidas espirituosas. A Vale do Bero, o único produtor de vinho tinto de Angola e a Caxaramba, um destilador e produtor de rum.
Começámos na Vale do Bero, que fica ao longo do rio Bero, na rica província agrícola do Namibe. O proprietário Paulo Múrias era médico e diz ter começado na vinicultura como hobby, enquanto tentava cultivar azeitonas.
Como as oliveiras não estavam a aparecer, fui para a segunda cultura que identifiquei desde o início, que era a cultura das vinhas, no sentido de tentar fazer aqui uma produção de vinho. E este foi, digamos, um sucesso desde o início.
PAULO MÚRIAS Proprietário - Vale do Bero
Proprietário Vale do Bero Paulo Múrias (à esquerda) com o seu primo euronews
Vinho português com um toque angolanoUm sucesso em parte devido à produtividade: duas colheitas por ano por causa devido a um clima propício.
Era uma vantagem, uma vantagem bastante grande em relação à maioria dos países, porque a maioria dos países só tem uma produção anual.
PAULO MÚRIAS Proprietário - Vale do Bero
E que tipo de videiras plantou?
Decidi optar por Portugal pela simples razão de que a população angolana está habituada ao sabor do vinho português e por isso decidi, em termos de cepas, importar a partir de Portugal. As uvas absorvem todo o meio ambiente, o "terroir" que envolve este Vale do Bero. Então, neste momento, acho que o Vale do Bero é, de facto, por assim dizer, o sabor do vinho de Angola.
PAULO MÚRIAS Proprietário- Vale do Bero
Vinhas portuguesas com uma dimensão angolana. Luís Filipe Madeira, um primo de Múrias, é co-proprietário há dois anos. Diz que a Vale do Bero produz cerca de 80 mil garrafas por ano.
Temos 21 hectares de uvas para vinho e quatro de uvas de mesa e vamos ampliar ainda mais o terreno.
Luis Filipe Madeira co-proprietário, Vale do Bero
Um próximo passo é expandir essa clientela para além de Angola, um objetivo partilhado com o produtor de rum Caxaramba, na província de Benguela. O proprietário, Ricardo Guerra, vem de uma família com uma longa tradição vinícula em Portugal e é angolano de quinta geração.
Neste momento, desde 2010, desde que demos início a este sonho, a esta experiência. Começamos a lidar com barris de carvalho francês e americano. Temos aqui cerca de 50 mil litros de rum... e para fazer estes 50 mil llitros temos de fermentar quase 500 mil litros.
Ricardo GUERRA Diretor - Caxaramba
Ricardo Guerra, produtor de rum Caxaramba na província de Benguela Euronews
Para além dos barris, a Caxaramba recebe a maior parte do seu abastecimento de fornecedores em Angola, evitando a dependência das importações. Agora, Ricardo Guerra quer expandir drasticamente a produção e tornar-se global.
Aproximadamente 95% dos nossos produtos já são comprados em Angola. Isto é uma enorme vitória para nós. Nos próximos 10 anos, em vez de estar a envelhecer 50 mil litros por ano, quero estar a envelhecer 500 mil litros por ano. Esse é um objetivo que temos. Penso que é possível. Depois queremos, naturalmente, internacionalizar a nossa marca. Queremos mostrar a nossa marca ao mundo, porque acreditamos que temos um produto especial.
Ricardo Guerra Diretor - Caxaramba
E porque é que Caxaramba é especial? "Porque é possível senti-lo", diz Guerra. "Toda a complexidade que tem. Não é muito forte, não se sente o álcool e está-se a sentir a estrutura, o sabor da madeira".
Tanto para Caxaramba como para a Vale do Bero: a paixão é crescer - globalmente.