Só quatro países - um dos quais pertencente à União Europeia (UE) - aplicaram todas as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reduzir o tabagismo a nível mundial.
Os Países Baixos e as Maurícias juntaram-se ao Brasil e à Turquia na implementação das medidas, de acordo com o último relatório da agência de saúde da ONU sobre os progressos no controlo do tabaco.
A OMS recomenda a monitorização do consumo de tabaco e a prevenção, a proteção das pessoas contra o fumo, a oferta de ajuda para deixar de fumar, a advertência das pessoas sobre os perigos do tabaco, a aplicação de proibições à publicidade e o aumento dos impostos sobre o tabaco.
"Felicito as Maurícias por se tornarem o primeiro país de África e os Países Baixos por se tornarem o primeiro país da União Europeia a aplicar o pacote completo de políticas de controlo do tabaco da OMS ao mais alto nível", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, numa declaração.
"A OMS está pronta a apoiar todos os países para que sigam estes exemplos e protejam as suas populações deste flagelo mortal."
O tabagismo é responsável por 8,7 milhões de mortes por ano a nível mundial e por cerca de 700 mil mortes por ano na União Europeia.
Continua a ser o "maior risco evitável para a saúde e a causa mais significativa de morte prematura na UE", de acordo com a Comissão Europeia.
Cerca de 18,4% da população da UE com 15 anos ou mais declarou ser fumadora diária em 2019, mas as taxas variam em todo o bloco, de 28,7% na Bulgária a 6,4% na Suécia, de acordo com o Eurostat, o gabinete de estatísticas da UE.
2,3 mil milhões de pessoas continuam em risco devido ao consumo de tabaco
De acordo com o novo relatório da OMS, cerca de 71% da população mundial está atualmente protegida por pelo menos uma medida destinada a reduzir o consumo de tabaco.
Segundo a organização, este número é cinco vezes superior ao registado em 2007, uma vez que as taxas de tabagismo diminuíram a nível mundial.
Mas há muito mais que pode ser feito para acabar com o tabagismo, alertaram os peritos da OMS.
"Ainda assim, 2,3 mil milhões de pessoas em 44 países continuam desprotegidas por quaisquer medidas de controlo do tabaco baseadas na redução da procura, deixando-as em risco de sofrerem os efeitos do consumo de tabaco na saúde e na economia", afirmou Ruediger Krech, diretor da OMS para a promoção da saúde.
"E 53 países ainda não há proibições totais de fumar em instalações de cuidados de saúde. Trata-se de uma situação inaceitável."
Dos 8,7 milhões de pessoas que morrem a nível mundial devido ao tabagismo, cerca de 1,3 milhões de mortes ocorrem entre pessoas que não consomem tabaco, incluindo bebés e crianças, segundo a OMS.
"Os ambientes sem fumo salvam vidas ao reduzir a exposição ao fumo passivo e ao provocar mudanças nas normas sociais", escreveu Krech no prefácio do relatório da OMS.
"Quando a proibição de fumar funciona, é mais provável que os espaços privados se tornem livres de fumo, mais fumadores são motivados a deixar de fumar e menos crianças são tentadas a experimentar o tabaco."
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentou que a promoção dos cigarros eletrónicos pela indústria do tabaco como uma alternativa mais segura prejudicou os progressos na redução do tabagismo.
"Os jovens, incluindo aqueles que nunca fumaram anteriormente, são um alvo particular", afirmou no relatório.
"De facto, os cigarros eletrónicos são prejudiciais tanto para as pessoas que os utilizam como para as que estão à sua volta, especialmente quando utilizados em espaços fechados", acrescentou.