SÃO PAULO, 13 Mar (Reuters) - O dólar avançava ante o real nesta quarta-feira, com expectativas pela instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara dos Deputados, desafiando o viés de queda do dólar no exterior, em dia de relativa tranquilidade que beneficia moedas de risco e mercados de ações.
Às 12:25, o dólar BRBY avançava 0,25 por cento, a 3,8261 reais na venda. Na véspera, encerrou com queda de 0,66 por cento, a 3,8165 reais na venda.
O dólar futuro DOLc1 avançava cerca de 0,3 por cento.
Parte do movimento de alta reflete uma correção após três pregões consecutivos de queda, avaliou o sócio-fundador do grupo Laatus, Jefferson Laatus. A cotação acumulou queda de 1,76 por cento nos últimos três pregões.
A reforma da Previdência deve começar sua tramitação no Congresso nesta quarta-feira, com a instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) prevista para 19h.
Líderes das bancadas, no entanto, já sinalizaram que a CCJ, primeiro colegiado que analisará o texto, só o votará depois que o governo mandar ao Congresso a proposta de reforma previdenciária de militares, o que está previsto para 20 de março.
"O mercado ainda fica atento com a declaração do (presidente da Câmara) Rodrigo Maia de que a votação na CCJ deve ser lá para o dia 27, 28 (de março). O mercado fica um pouco receoso, quanto mais se atrasa, pior é para a reforma. Isso tira um pouco a tranquilidade", avaliou Laatus.
Como afirmou a equipe de estrategistas e analistas da XP Investimentos em nota, também está no radar a proposta de desvinculação de gastos anunciada pelo governo, após Maia manifestar preocupação de que isso pode prejudicar a mobilização necessária para aprovar a Previdência.
O ajuste de alta do dólar hoje no Brasil vai de encontro ao movimento visto no exterior hoje. A moeda norte-americana cedia cerca de 0,14 por cento ante uma cesta com seis divisas .DXY e depreciava frente a moedas de perfil semelhante ao real, como peso mexicano MXN= e dólar australiano AUD= .
A leitura de que o Federal Reserve deve manter a postura paciente na política monetária ampara o desempenho mais moderado do dólar nos mercados internacionais.
Mas o noticiário sobre o Brexit segue no radar. Parlamentares britânicos decidirão nesta quarta-feira sobre a possibilidade de deixar a União Europeia dentro de 16 dias sem um acordo sobre os laços futuros entre as partes. Na quinta-feira, será votado se Londres deve pedir à UE uma prolongação do prazo do Brexit, algo com o qual todos os outros 27 membros do bloco devem. Banco Central tornou a vender todo o lote de 14.500 contratos de swap cambial tradicional, correspondentes à venda futura de dólares, ofertados em leilão nesta quarta-feira. A operação visa postergar o vencimento de papéis que, inicialmente, expirariam em 1º de abril.
Em seis operações realizadas, o BC já rolou o equivalente a 4,350 bilhões de dólares. O estoque a vencer em abril soma 12,321 bilhões de dólares. O montante total de swaps vendidos pelo BC e de posse do mercado é de 68,863 bilhões.
(Por Laís Martins e José de Castro Edição de Camila Moreira)