* Prazo para repatriação de recursos acaba em 31 de outubro
* Busca pelo risco faz dólar ceder ante moedas emergentes
Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 18 Out (Reuters) - O dólar chegou a recuar 1 por cento ante o real nesta terça-feira e passou a operar na casa de 3,17 reais, influenciado pelo movimento da moeda no exterior, onde também exibe perdas ante divisas emergentes como o peso mexicano MXN= e rand sul-africano ZAR= .
Às 14:47, o dólar BRBY recuava 0,96 por cento, a 3,1767 reais na venda. O dólar futuro DOLc1 cedia 0,82 por cento nesta tarde.
Na mínima da sessão, a moeda marcou 3,1754 reais e, na máxima, 3,1950 reais. Se encerrar o dia no nível de 3,17 reais, o dólar terá seu menor fechamento desde 11 de agosto, quando marcou 3,14 reais.
"O dólar está acompanhando de perto o mercado externo. Ante o peso mexicano, por exemplo, o dólar está caindo 1 por cento, aqui só está acompanhando mais de perto", comentou o sócio-diretor da gestora Jive Asset Management, Leonardo Monoli.
"O giro está um pouco melhor nesta sessão, mas ainda está baixo, então qualquer operação acaba influenciando mais as cotações. O ambiente de Brasil está melhor, então isso potencializa a queda aqui", emendou.
A moeda norte-americana iniciou a sessão em queda e assim permaneceu, acompanhando a busca por risco no exterior.
Favorecia também a trajetória de baixa o fato de encerrar em 31 de outubro o prazo para repatriação de recursos ilegais no exterior, já que o projeto que alterava as regras saiu da pauta da Câmara. decisão de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, de arquivar o projeto que modificaria a lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior deve provocar considerável aumento da adesão de contribuintes nessa reta final do programa, o que, em termos práticos, poderá influenciar na valorização do real diante do dólar", explicou a corretora Renascença em relatório a clientes.
A leitura do mercado é de que muitos dos investidores que estavam aguardando uma definição sobre o prazo para decidir quando iriam aderir à repatriação agora têm que correr, já que a janela termina no final deste mês.
"Temos uma janela, em tese, desta semana e da próxima para internalizar recursos", reforçou o economista da corretora BGC Liquidez Alfredo Barbutti.
Isso não significa, a seu ver, que o dólar se manterá sempre em queda. "Há dias que o mercado passa por correção, com investidores aproveitando preços, sobretudo quando a moeda cede abaixo de 3,20 reais", comentou.
O mercado doméstico de câmbio também aguardava o resultado do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira pode cortar a taxa Selic.
Os investidores têm avaliado que, ao dar o primeiro passo para reduzir a taxa básica do Brasil, o Banco Central atestará as condições melhores do país e isso poderá atrair recursos estrangeiros e fazer o dólar ceder ainda mais ante o real.
O Banco Central vendeu nesta manhã todo o lote de 5 mil contratos de swap cambial reverso --equivalente à compra futura de dólares. (Por Claudia Violante; Edição de Camila Moreira)