Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 17 Mar (Reuters) - O dólar fechou a sexta-feira em queda e de volta ao patamar de 3,10 reais, acompanhando o movimento no mercado externo e favorecido pela perspectiva de ingresso de recursos no país.
O movimento, no entanto, foi contido por causa da cautela de investidores diante dos cenários político e fiscal.
O dólar BRBY recuou 0,47 por cento, a 3,1008 reais na venda, depois de bater 3,0937 reais na mínima do dia. O dólar futuro DOLc1 tinha queda de 0,7 por cento no final do dia.
Na semana, o dólar acumulou queda de 1,36 por cento, interrompendo sequência de três ganhos semanais.
"Com a agenda esvaziada e o recuo da moeda (dólar) no exterior, os fatores positivos foram se sobrepondo", afirmou o operador de câmbio da Ourominas Corretora, Mauricio Gaioti. "A trajetória de baixa tende a continuar, se o noticiário político não atrapalhar", acrescentou.
O mercado acredita que o Brasil deve atrair mais recursos externos diante de alguns fatores, como a recente melhora da perspectiva do rating do país pela Moody's e o leilão de concessão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, que arrecadou 3,7 bilhões de reais. exterior, o dólar caía ante divisas de países emergentes, como o peso mexicano MXN= , o rand sul-africano ZAR= e a lira turca TRY= , em dia de recuperação dos preços das commodities, e serviu de referência ao câmbio local.
A sinalização de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, não deve fazer altas adicionais nos juros neste ano, além das esperadas, também trouxe mais alívio ao mercado recentemente. Juros elevados tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outras praças, como a brasileira.
No entanto, as questões política e fiscal internas permaneceram no foco e seguraram quedas maiores do dólar nesta sessão. O mercado temia que o fato de vários políticos da base e ministros do governo do presidente Michel terem sido citados na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhada ao STF, pudesse atrapalhar a votação de importantes reformas, como a da Previdência.
"O contraponto desta tendência (de baixa do dólar) é a demora na votação das reformas estruturais, que pode atrasar o ajuste fiscal", afirmou a corretora Correparti em relatório.
O Banco Central realizou nesta sessão mais um leilão e vendeu a oferta total de até 10 mil swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Com isso, reduziu a 8,711 bilhões de dólares o total que vence em abril e que ainda resta para rolar. (Edição de Patrícia Duarte)