(Texto atualizado com mais informações)
Por José de Castro
SÃO PAULO, 12 Ago (Reuters) - O dólar começou a semana em forte alta, superando durante os negócios a marca psicológica dos 4 reais pela primeira vez desde o fim de maio, na esteira de notável aversão a risco no exterior e do surto de volatilidade nos mercados argentinos após a vitória da oposição em eleições primárias.
O dólar à vista BRBY fechou em alta de 1,06%, a 3,9837 reais na venda.
É o maior patamar para um encerramento desde 28 de maio (4,0242 reais).
Na máxima do pregão, o dólar spot bateu 4,0140 reais.
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez DOLc1 tinha alta de 0,91%, a 3,9845 reais.
O câmbio doméstico sentiu o aumento da volatilidade no mercado argentino, onde o peso ARS= desabou cerca de 30% no pior momento do dia, para uma nova mínima recorde, diante de receios de que o futuro governo possa adotar políticas econômicas heterodoxas. correlação de 200 dias entre real e peso argentino tem estado em torno de 0,68, nas máximas desde o começo do ano. Quanto mais próximo de 1, mais os dois ativos tendem a oscilar na mesma direção.
A instabilidade no mercado argentino tende a afetar o brasileiro uma vez que o país vizinho é importante destino das exportações brasileiras de manufaturados, cujas quedas podem impactar negativamente o já lento crescimento econômico doméstico.
Mas o dólar se fortaleceu de forma generalizada ante emergentes, diante dos receios em torno da guerra comercial entre chineses e norte-americanos. A fuga de risco beneficiou o iene JPY= e derrubou Wall Street .SPX .
"Esperamos que a incerteza continue elevada em agosto conforme o próximo capítulo da guerra (comercial) entre EUA e China se desenrola", disseram estrategistas do Bank of America (NYSE:BAC) em nota a clientes. "A América Latina parece ser a região mais exposta dentre os emergentes", acrescentaram.
Em meio às incertezas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o Brasil tem posição cambial "sólida" e está preparado para enfrentar crises. país tem quase 389 bilhões de dólares em reservas cambiais, com 68,9 bilhões de dólares em swaps cambiais de posse do mercado. (Edição de Isabel Versiani)