SÃO PAULO, 5 Ago (Reuters) - O dólar encerrou com forte alta ante o real nesta segunda-feira, no maior patamar desde 30 de maio, acompanhando o movimento da divisa no exterior, onde prevalecia a aversão ao risco após a China permitir que o iuan rompesse a marca de 7 por dólar.
O dólar BRBY avançou 1,68%, a 3,9572 reais na venda, maior patamar de fechamento desde 30 de maio, quando a cotação foi a 3,9790 reais na venda.
Na máxima do pregão, a divisa norte-americana foi a 3,9680 reais na venda e na mínima, tocou nível de 3,8855 reais na venda.
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez DOLc1 subia 2,05%, a 3,973 reais.
A China deixou o iuan romper o nível de 7 por dólar nesta segunda-feira pela primeira vez em mais de uma década, num sinal de que o país está disposto a tolerar mais fraqueza no câmbio. decisão chinesa de não agir motivou uma fuga dos ativos de risco, inclusive emergentes, pautada pela preocupação de que isso pode escalar ainda mais as tensões entre Estados Unidos e China.
De fato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o governo chinês de "uma grande violação" e disse que o movimento foi "manipulação cambial." desvalorização da moeda chinesa vem dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, surpreender os mercados financeiros ao prometer impor tarifas de 10% sobre 300 bilhões de dólares de importações chinesas a partir de 1º de setembro.
"Mercados financeiros ao redor do globo exibiram um forte sentimento de aversão ao risco motivado pelos novos sinais de piora nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a China, com o forte risco desta guerra comercial se estender para uma guerra cambial", disse a equipe da corretora Correparti, em nota a clientes.
O índice do dólar .DXY --fortemente influenciado pelo movimento de divisas de outros mercados desenvolvidos, como euro EUR= e iene JPY= -- mostrava queda de 0,54%.
Os índices acionários dos EUA todos encerraram com quedas de mais de 2% e registraram o maior declínio percentual diário do ano.
Internamente, o dia foi de noticiário tranquilo, com investidores atentos à retomada dos trabalhos no Congresso após o período de recesso parlamentar. A expectativa é que pautas econômicas, especialmente a votação em segundo turno da reforma da Previdência, ocorram ao longo desta semana.
No entanto, mesmo com potencial de noticiário positivo ligado à Previdência nos próximos dias, o câmbio local deve seguir à mercê do cenário externo, avaliou o economista-chefe do banco Haitong Brazil, Flávio Serrano.
(Por Laís Martins; edição de Isabel Versiani)