(Texto atualizado com mais informações)
SÃO PAULO, 4 Dez (Reuters) - O dólar atraía algumas compras no mercado brasileiro na manhã desta sexta-feira, numa tentativa de correção depois de fortes baixas nos últimos dias, mas a moeda norte-americana ainda seguia a caminho de fechar a pior semana em um mês, tendo como pano de fundo visível apetite global por risco diante da confiança na retomada econômica.
Investidores aguardavam para esta sessão dados de emprego nos Estados Unidos referentes a novembro, de olho em um segmento que tem gerado alguma apreensão entre analistas pela recuperação errática nos últimos meses.
Às 9h55, o dólar BRBY avançava 0,32%, a 5,1560 reais na venda, após subir a 5,1583 reais (+0,37%) e cair a 5,1247 reais (-0,29%).
Na véspera, a cotação caiu 1,96%, a 5,1394 reais na venda, menor patamar para um fechamento desde 22 de julho passado (5,1143 reais).
Na B3, o dólar futuro mais negociado DOLc1 mostrava alta de 0,11%, a 5,1585 reais.
Na semana, o dólar spot tinha queda de 3,2%, a mais forte desde a semana finda em 6 de novembro.
Lá fora, o índice do dólar frente a uma cesta de moedas =USD cedia 0,08%, a 90,623, perto de mínimas em mais de dois anos e meio.
O real se valoriza 3,6% nos primeiros quatro dias de dezembro, depois de ter registrado o melhor mês de novembro em pelo menos 18 anos, a reboque da esperança de que uma vacina contra a Covid-19 será lançada em breve, o que permitirá uma volta mais rápida ao nível de atividade econômica de antes da pandemia.
A moeda brasileira tem a melhor performance entre seus pares emergentes desde 3 de novembro, data da eleição norte-americana, com expectativa de que o presidente recém-eleito, Joe Biden, amplie gastos para turbinar a retomada --o que pode fortalecer um já em curso movimento de compra de ativos emergentes.
"Vemos uma janela de oportunidade para aumento de otimismo em relação aos ativos brasileiros nos próximos meses", disseram analistas do Barclays (LON:BARC) em nota, recomendando posições em opções de venda de dólar/real com "strikes" em 5,15 reais e 4,98 reais e vencimento em março.
O ambiente político doméstico, no entanto, ainda segue como ponto de atenção. De forma geral as expectativas para o real mostram piora na janela do segundo semestre de 2021, quando, segundo analistas, receios de ordem fiscal voltarão a preocupar de forma mais incisiva depois de algum alívio na primeira metade do próximo ano --em cenário que contempla manutenção do teto de gastos. JPMorgan (NYSE:JPM) projeta que o dólar subirá gradativamente para 5,30 reais ao fim do segundo trimestre de 2021 e para 5,35 reais e 5,40 reais nos trimestres posteriores, taxas mais altas que a prevista para o término de março (5,15 reais).
No campo político, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga a partir desta sexta-feira, em plenário virtual, uma ação que terá impacto direto na possibilidade de os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de permanecer nos cargos, com tendência de permitir uma eventual recondução, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
Maia tem sido visto por alguns players do mercado como um ponto de apoio à agenda de reformas, em meio a rusgas dentro do próprio Executivo e críticas à gestão de Paulo Guedes à frente da pauta econômica. (Por José de Castro; Edição de Camila Moreira)