(Texto atualizado com mais informações)
Por José de Castro
SÃO PAULO, 10 Mai (Reuters) - O dólar fechou com ligeira alta nesta segunda-feira, mas ainda em torno de mínimas em quatro meses, depois de mais cedo cair abaixo de 5,20 reais, com operadores mantendo posições num dia sem grandes catalisadores para o mercado, que aguarda ao longo da semana dados nos Estados Unidos e, aqui, a ata do Copom e novidades sobre a agenda de reformas.
O dólar à vista BRBY teve variação positiva de 0,10%, a 5,233 reais na venda, não distante da mínima atingida em 14 de janeiro (5,212 reais). A cotação variou no dia de 5,2535 reais (+0,50%) a 5,1977 reais (-0,57%).
No exterior, o índice do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes =USD tinha oscilação positiva de 0,09%. As bolsas de valores de Nova York .IXIC .SPX .DJI pioraram o sinal na parte da tarde, o que evitou que o dólar caísse por aqui.
Mas alguma pausa já era esperada no câmbio, depois de o dólar vir de três quedas seguidas, a menor delas de 0,97%. Indicadores técnicos já vêm apontando a moeda aproximando-se de terreno de subvalorização, o que pode limitar novas baixas nos próximos dias.
Investidores vão acompanhar na terça a ata do Copom --que poderá confirmar o tom mais duro do Banco Central sobre a inflação e, por tabela, a política monetária. O dólar teve na semana passada a maior desvalorização desde dezembro e apenas na quinta perdeu 1,6%, um dia depois de o BC abrir a possibilidade de um ciclo mais robusto de aperto monetário. disso, na quarta serão divulgados dados de inflação nos Estados Unidos, que se vierem mais brandos poderão fortalecer expectativas de que o banco central norte-americano manterá estímulos por mais tempo. Esse mesmo racional fez o dólar despencar em todo o mundo na sexta-feira, na esteira de números fracos de emprego nos EUA.
O noticiário de Brasília também segue na mira dos agentes financeiros, sobretudo o relacionado à agenda de reformas. A tramitação e o formato da reforma tributária devem ser definidos nesta semana, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta segunda-feira. o acordo do Orçamento fechado em abril, o mercado voltou a apostar fichas em aprovação de medidas estruturantes neste ano, vendo maior coesão entre governo e líderes do Congresso (o que ajudou na queda do dólar desde o mês passado), a despeito da CPI da Covid em curso no Senado.
Fábio Coelho, gestor de fundos líquidos da Arazul Capital, ainda vê o dólar com espaço para cair nos próximos meses, mesmo após a desvalorização de 8,6% desde a máxima de abril.
"Agora com a moeda perto de 5,25 reais acho até que pode dar uma pausa, mas mantidas as atuais condições do cenário político penso que o dólar pode testar 5 reais ou mesmo abaixo disso", afirmou, dizendo que tem aproveitado o alívio no câmbio para aumentar exposição a empresas com receitas em dólar e BDRs (ativos negociados em bolsa que permitem a investidores brasileiros acesso a empresas estrangeiras).
A recuperação do real chamou atenção de investidores internacionais. Segundo o Morgan Stanley (NYSE:MS), a moeda brasileira se beneficia da maior posição "overweight" (acima da média do mercado) em portfólio de moedas emergentes do banco --junto com a lira turca TRY= .
Estrategistas da instituição norte-americana dizem que há um movimento de saída de moedas de baixo rendimento para divisas "high beta" --ou seja, que podem se valorizar mais em tempos de maior apetite por risco. A avaliação ocorre num momento em que o Banco Central eleva os juros no Brasil, aumentando a taxa de retorno do real frente a seus pares. (Edição de Isabel Versiani)