SÃO PAULO, 30 Nov (Reuters) - O dólar fechou em alta na última sessão do mês, puxado por uma correção global em outros mercados, mas nada que tenha tirado o brilho de novembro, quando o resultado da eleição norte-americana e desenvolvimentos de vacinas para a Covid-19 turbinaram a demanda por ativos mais arriscados em meio à perspectiva de recuperação da economia global.
Tamanho otimismo provocou um "short squeeze" na moeda brasileira, o que significa uma forte correção de posições, que até então estavam muito mais para o lado negativo. Com isso, o dólar teve a maior queda mensal em dois anos e o maior tombo para meses de novembro desde pelo menos 2002, conforme dados da Refinitiv.
O dólar à vista BRBY subiu 0,39% nesta segunda-feira, para 5,3467 reais. A retomada da moeda ocorreu em sintonia com o exterior, conforme gráfico abaixo do dólar/real e do índice do dólar ante uma cesta de moedas =USD :
Em novembro, contudo, a moeda perdeu 6,82%. É a maior baixa mensal desde outubro de 2018 (-7,79%) e a mais forte para meses de novembro desde pelo menos 2002.
Considerando a taxa Ptax de venda do Banco Central --cujo fechamento é baseado em consultas feitas ainda pela manhã--, o dólar caiu 7,63% em novembro, a mais intensa desvalorização para o mês já vista.
O real não esteve sozinho na boa performance do mês. Outras moedas correlacionadas às commodities, como peso colombiano COP= (+7,6%), se destacaram, enquanto o dólar no mundo =USD tocou em novembro mínimas em mais de dois anos, afetado pela perspectiva de farta liquidez no mundo em meio a estímulos de bancos centrais e à mudança de governo nos Estados Unidos.
Ao longo do dia, o dólar no Brasil oscilou entre 5,3974 reais (+1,34%) e 5,2762 reais (-0,94%), com a volatilidade associada, entre outros motivos, à "briga" entre comprados e vendidos pela Ptax de fim de mês.
A mínima da sessão foi atingida ainda pela manhã, quando o mercado repercutiu decisão do Banco Central de aumentar o volume ofertado em leilão de rolagem de swap cambial tradicional nesta segunda-feira para um ritmo que, se mantido até o fim do ano, representará colocação líquida de dólares no mercado futuro.
O BC disponibilizou e vendeu 16 mil contratos de swap para rolagem. Caso assim mantenha, o BC terminará negociando até o fim de dezembro pelo menos 9 bilhões de dólares a mais do que o estoque a vencer em 4 de janeiro (11,798 bilhões de dólares).
"Com isso, (o BC) alivia pressão do overhedge de 16 bilhões de dólares", comentou Marcos Mollica, do Opportunity.
O overhedge é uma proteção cambial adicional adotada por bancos que deixou de ser interessante depois de mudanças, anunciadas no começo do ano, em regras tributárias. Desfazer o overhedge implica compra de dólares, movimento em curso desde os primeiros meses do ano e que, segundo analistas, tem grande peso na disparada de 33,24% do dólar BRBY em 2020.
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^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^> (Por José de Castro; Edição de Maria Pia Palermo)