LISBOA, 2 Set (Reuters) - O foco do Governo de Portugal no estímulo ao consumo não deverá impedir o abrandamento económico e pode complicar a redução de défice e dívida, pois o investimento continua a cair, disse o Presidente da CIP-Confederação Empresarial de Portugal.
António Saraiva (SA:SLED4) disse, em entrevista à Reuters, que está preocupado sobre os dados do PIB do segundo trimestre divulgados esta semana, pois espelham crescimento bem abaixo dos níveis previstos no orçamento, e que o governo precisa de promover as exportações e o investimento.
"Não temos investimento, não temos crescimento económico digno do nome", disse Saraiva, referindo-se à expansão trimestral de 0,3 pct do Produto Interno Bruto no trimestre. "Estamos apreensivos porque os principais motores, investimento e exportações, mostram arrefecimento".
Entre Abril e Junho, a procura interna abrandou para apenas 0,2 pct, face a 0,6 pct no anterior e 1,3 pct há um ano atrás, enquanto o investimento caiu e as exportações cresceram menos do que em 2015.
"O mercado doméstico é pequeno e o volume de oferta saturado - não é suficiente para resolver o problema de crescimento. Quando este Governo aposta fundamentalmente no consumo privado e no aumento das receitas das famílias, não podemos dizer que vamos ter um ano que nos dê alguma tranquilidade", afirmou o Presidente da CIP.
Entrevista completa em inglês: (Por Andrei Khalip; Traduzido por Daniel Alvarenga; Editado em português por Patrícia Vicente Rua)