Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 17 Mar (Reuters) - O dólar recuava ante o real nesta sexta-feira com a perspectiva de ingresso de recursos no país após leilão de aeroportos, mas num movimento contido devido à cautela de investidores diante dos cenários político e fiscal.
Às 10:29, o dólar BRBY recuava 0,19 por cento, a 3,1097 reais na venda, depois de fechar na véspera em leve alta, a 3,1155 reais. O dólar futuro DOLc1 tinha queda de 0,56 por cento.
"Quando caiu abaixo de 3,10 reais na véspera, o mercado cambial atraiu bastante fluxo de comprador e na abertura ainda havia resquício desse movimento. Mas há argumentos para uma trajetória de baixa à moeda", disse o analista de câmbio da corretora Fair, José Roberto Carrera.
Ele se refere à melhora da perspectiva do rating pela Moody's, gradualismo do banco central norte-americano e swap cambial tradicional, além da perspectiva de ingresso de recursos no país.
Na quinta-feira, o governo federal arrecadou 3,7 bilhões de reais nos leilões de aeroportos Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis. leva a crer que elas terão que, em algum momento, internalizar os recursos para pagar o leilão", destacou Carrera.
No exterior, o dólar caía ante divisas de emergentes, como o peso mexicano MXN= e lira turca TRY= , em dia de recuperação dos preços das commodities, e servia de referência ao câmbio local.
A sinalização de gradualismo na trajetória de aumento de juros pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, também deixava os investidores mais livres para reagirem, por ora, a outros dados, como a elevação da perspectiva do rating do Brasil pela Moody's para estável.
No entanto, as questões política e fiscal permanecem no foco e contêm a queda após o revés do governo no Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou inconstitucional a incorporação do ICMS na base de cálculo do PIS e do Cofins, impactando nas contas públicas nacionais. mercado aguardava ainda o conteúdo da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhada ao STF com 83 pedidos de abertura de inquérito contra políticos. As preocupações giram em torno do andamento das reformas estruturais no Congresso.
"O contraponto desta tendência (de baixa do dólar) é a demora na votação das reformas estruturais, que pode atrasar o ajuste fiscal. Caso isso aconteça, existem grandes chances de o governo optar pela solução de aumento de impostos para não estourar o déficit deste ano", afirmou a corretora Correparti em relatório a clientes.
O Banco Central realiza nesta sexta-feira mais um leilão de swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares --com oferta de até 10 mil contratos. Claudia Violante; Edição de Camila Moreira)