Por Sergio Goncalves
LISBOA, 2 Mar (Reuters) - A EDP (SA:ENBR3) Renováveis EDPR.LS do Grupo EDP EDP.LS vai concorrer ao projecto 'offshore' Moray Firth na Escócia apesar do 'Brexit, estando a preparar projectos competitivos para esse concurso, disse o CEO da EDP, que não vê razões para mudar a estratégia para o crucial mercado dos EUA com a nova Administração Trump.
Em Junho de 2016, o CEO da EDP disse que o projecto de eólica 'offshore' Moray Firth na Escócia poderia sofrer um adiamento após a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, que gerou muita incerteza, mas a EDP Renováveis continuava interessada. governo escocês deu o 'OK' ao desenvolvimento deste projecto em Março de 2014, envolvendo a atribuição de licença para construir até 62 turbinas capazes de produzir 1.116 megawatts de energia eólica, o equivalente às necessidades energéticas de, em média, 700.000 habitações.
"Está esperado, neste momento, um leilão 'offshore' ainda este ano. Lá estaremos no leilão 'offshore' com os projectos que tínhamos previsto e, neste momento, não há nenhuma alteração", disse o Chief Executive Officer (CEO) da EDP António Mexia.
"Temos projectos competitivos, bem desenvolvidos e estamos obviamente preparados para ir a esse leilão. Temos o Brexit, mas eu vou investir libras e vou receber libras", adiantou, realçando que "o Reino Unido está a precisar quer de nova capacidade instalada, quer de 'backup'".
NADA MUDA EUA
Quanto à mudança da Administração nos EUA, onde a EDP Renováveis tem um 'player' de destaque, a Horizon, António Mexia também não vê necessidade de mudar o rumo.
Perguntado sobre a política da nova Administração Trump nos EUA pode afectar a estratégia do grupo EDP Renováveis, que tem a Horizon americana, Mexia disse: "é uma questão que tem de ser seguida porque os EUA são hoje a nossa principal plataforma de crescimento, não vemos razões para estruturalmente mudar isso".
"O vento é extremamente competitivo (nos EUA), a procura por renováveis resulta em primeira linha dos RPS-Renewable Portfolio Standards, que são estaduais e não federais, e há um número crescente de Estado que têm proposto estas regras", disse, referindo que a oferta de renováveis é baixa e "há capacidade de crescimento".
Adiantou que o Grupo EDP gosta de mercados onde exista o recurso - água, vento, sol - e "exista estabilidade regulatória, que é muito importante".
"Nos EUA, quando se fala de alterações, há uma coisa que tenho dito: o passado não é incerto. Ou seja eu posso mudar regras para o futuro", disse.
Lembrou que "as regras, que foram fixadas com o 'phase out' do apoio às renováveis - Production Tax Credit - até 2020, foram aprovadas pelas duas Câmaras, que são de maioria republicana, já com o anterior Presidente.
"Esta questão da previsibilidade, daquilo que é deixar funcionar o mercado mas sempre com regras claras e que se mantêm", disse António Mexia.
"Acho que um dos problemas que distingue a Europa dos EUA é que, na Europa, em muitos casos, o passado também passou a ser incerto e isso dificulta aquilo que são as opções de investimento", concluiu. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)