LISBOA, 11 Nov (Reuters) - O disparo de 5 pct do Millennium bcp não foi suficiente para impedir a Bolsa de Lisboa de fechar no 'vermelho', face a uma Europa mista, mas cujo sentimento é agora de maior cautela sobre os riscos do programa de estímulos avançado por Donald Trump, enquanto os juros soberanos continuam a agravar, segundo traders.
** O índice nacional de referência PSI20 .PSI20 caiu 0,91 pct, fechando perto dos mínimos do dia. No conjunto da semana, a praça portuguesa teve uma queda de 2,2 pct, contrastando com a subida de 2 pct da Europa.
** As bolsas europeias fecharam entre uma queda de 1,4 pct em Londres e uma subida de 0,36 pct em Frankfurt. O índice Stoxx 600 .STOXX fechou a cair 0,41 pct, mas registou a melhor performance semanal desde Julho.
** Antes do início da sessão europeia, as acções e moedas dos mercados emergentes tinham deslizado, com os investidores receosos que taxas de juro mais altas nos EUA sob o próximo Presidente leve a saídas de capital e guie o investimento para activos denominados em dólares.
** Essas quedas também estão a ser influenciadas por descidas nos títulos construção, cujo índice sectorial .SXOP caiu 1,84 pct, revertendo os ganhos de ontem, quando o ânimo sobre o mega-programa de investimento público proposto por Trump levou a uma valorização.
** Pressão forte também sobre as eléctricas europeias .SX6P que afundaram 2,16 pct.
** No PSI20, este fenómeno teve reflexo nos títulos da EDP (SA:ENBR3) EDP.LS , que caiu 1,07 pct, enquanto as acções da EDP Renovavéis EDPR.LS , que acumularam perdas de mais de 11 pct nas ultimas duas sessões, subiram 1,59 pct.
** Nota negativa para os CTT CTT.LS que recuaram 1,45 pct, para a NOS NOS.LS a cair 2,19 pct, a Mota-Engil MOTA.LS afundou 3,19 pct e a Galp Energia GALP.LS tombou 2,86 pct, acompanhando as quedas fortes do preço do petróleo.
** Pela positiva, destaque para a subida de 4,97 pct do BCP BCP.LS prolongando a sua trajectória de ganhos para lá da recente recuperação dos pares do sector financeiro, pois vinha de valores relativamente mais deprimidos. da banca europeia cair hoje, a performance do BCP nas últimas sessões tem sido muito forte, por isso acho que este movimento é essencialmente o efeito sectorial a arrastar-se um pouco mais para este título em específico", disse Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos.
"O BCP ficou um pouco esquecido com as preocupações quanto ao capital e resultados. À medida que o sector sobe, começa a atingir os 'players' mais fracos, como é o caso do BCP".
Esta semana, o CEO do BCP não quis comentar se a Sonangol terá pedido autorização ao Banco Central Europeu (BCE) para aumentar a sua participação para acima da fasquia de 20 pct como referiu alguma Imprensa nacional. A oil estatal angolana tem cerca de 19 pct. No mercado petrolífero, o barril de Brent LCOc1 e o de Crude CLc1 recuam 3 pct para 44,48 pct e 43,34 pct, respectivamente, com o mercado a focar-se novamente no excesso de oferta de crude, que não deverá ser atenuado a não ser que a OPEP e outros produtores cortem a sua produção.
A produção de crude nos países da OPEP aumentou para um recorde em Outubro, crescendo em 240.000 barris diários para 33,64 milhões.
** No mercado de dívida, a 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos agravam 10 pontos para 3,51 pct, em linha com as pares da zona euro, que prolongam a subida de ontem com a percepção que as políticas de Donald Trump vão impulsionar a inflação.
As Obrigações de Portugal são um investimento arriscado e estão caras dados os riscos políticos na zona euro e fracas perspectivas de crescimento do país, aliadas ao provável regresso da inflação, segundo Fátima Luís, gestora de fundos da Mirabaud. L8N1DB6V3
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Daniel Alvarenga)