LISBOA, 18 Jan (Reuters) - Portugal colocou 1.750 milhões de euros (ME) de Bilhetes do Tesouro (BT) a seis e 12 meses, mais do que previsto, financiando-se a curto prazo com sucesso, a taxas negativas, apesar do mercado de Bonds ter recentemente sofrido uma pressão global.
O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 350 ME de BT a seis meses e 1.400 ME a 12 meses. O montante indicativo era entre 1.250 ME e 1.500 ME.
No prazo mais curto, a taxa média ponderada (TMP) recuou, fixando-se em -0,091 pct, de -0,027 pct num leilão em Novembro.
Já na maturidade a 12 meses, a TMP fixou-se em -0,047 pct, face à 'yield' média positiva de 0,005 pct, num leilão em Novembro.
A 'yield' 'benchmark' das obrigações portuguesas a 10 anos alivia hoje 3 pontos base para 3,81 pct no mercado secundário.
O 'benchmark' do prémio de risco soberano de Portugal tocou este mês um máximo de quase um ano, nos 4,1 pct, devido à expectativa de re-inflação global, com a chegada iminente de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos e prováveis políticas expansionistas, aliada a receios que o BCE começe a retirar estímulos com os primeiros sinais de inflação.
A inflação é vista como tradicional penalizadora da rentabilidade dos activos de taxa fixa.
A procura de BT no leilão a seis meses excedeu a oferta em 3,53 vezes contra 3,94 vezes no leilão anterior e a colocação a 12 meses registou um rácio bid-to-cover de 1,55 vezes, comparado com 1,57 vezes no anterior.
Ontem, o primeiro-ministro disse que o défice público de Portugal em 2016 desceu para um valor não superior a 2,3 pct do PIB, abaixo dos 2,5 pct impostos por Bruxelas, retirando o país do Procedimento por Défice Excessivo. 11 de Janeiro, a República portuguesa colocou 3.000 ME de 'bonds' a 10 anos, pagando um preço alto pela sua primeira colocação sindicada nesta maturidade desde Abril de 2016. O 'yield' pago foi em torno de 4,23 pct.
Portugal prevê fazer até 16.000 milhões de euros (ME) de emissões brutas de Obrigações do Tesouro (OT) em 2017, combinando sindicatos e leilões, tendo necessidades de financiamento líquidas de 12.400 ME incluindo 2.700 ME para recapitalizar a estatal CGD, já financiados. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)