Por Patricia Vicente Rua
LISBOA, 11 Abr (Reuters) - A associação dos maiores retalhistas em Portugal olha para 2017 com cautela, apesar do crescimento das vendas do sector em 2016, dada a incerteza política e económica mundial, disse a directora-geral da APED, realçando que a forte actividade promocional que tem 'puxado' pelo negócio vai continuar.
A APED-Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição agrega as maiores empresas do retalho nacional, alimentar e especializado.
"Olhamos para 2017 com precaução e com muitas interrogações. Ainda é cedo para dizer, se vamos fazer melhor do que no ano passado", disse Isabel Trigo Morais .
"O panorama político e económico é muito instável. Apesar da melhoria da confiança dos consumidores, qualquer variável externa impacta directamente no consumo", afirmou, lembrando as eleições em França e Alemanha este ano.
De qualquer forma, o que deverá manter-se este ano é a intensa actividade promocional, à semelhança de anos anteriores.
"Este tema das promoções não é nacional, é europeu. No entanto, as promoções foram um grande auxílio para as famílias que viram os seus rendimentos diminuidos pela crise e o consumidor habituou-se a comprar em promoção", referiu.
Segundo o barómetro da APED, o crescimento das vendas com promoção passou dos 41,9 pct em 2015, para os 44,8 pct em 2016.
"Acreditamos que as promoções, como continuaram a crescer em 2016, vão continuar a crescer em 2017, e os retalhistas, porque é algo transversal ao sector, vão utilizar esta ferramenta para conquistar os consumidores".
VENDAS CRESCEM
As vendas do sector do retalho cresceram 3 pct para 19.522 milhões de euros (ME) em 2016 face ao ano anterior, suportadas, sobretudo, no aumento de 3,6 pct das vendas no sector alimentar.
"No retalho alimentar, a categoria que mais se destacou foi a dos Perecíveis, com um crescimento de 7,9 pct, o que demonstra a procura pelos consumidores de uma alimentação mais saudável", explicou a directora da APED.
Em contraponto, o Bazar Ligeiro foi a categoria com maior quebra, de 0,3 pct.
Acrescentou que no retalho especializado - o segmento mais afectado desde 2011, altura em que o país pediu o programa de assistência financeira - as vendas tiveram um aumento homólogo de 2,1 pct.
"Neste segmento, o mercado de linha branca (frigoríficos e máquinas de lavar/secar) foi o que mais cresceu, 6,9 pct, seguido dos Equipamentos de Telecomunicações, que subiu 6,1 pct"
Explicou que "isto tem sobretudo a ver com a confiança por parte dos consumidores no futuro, não tem necessariamente de ter havido um aumento de rendimento".
A maior quebra foi registada na categoria Fotografia, com uma diminuição da faturação de 11,6 pct.
"São os consumidores a trocar computadores portáveis, tablets e maquinas fotográficas pelos 'smartphones'", explicou.
A directora-geral da APED realçou que os resultados do setor revelam índices de crescimento favoráveis em linha com o clima económico do país e a confiança do consumidor.
"Contudo, é importante realçar que ainda assim a economia está sujeita a alguma volatilidade e, por isso, iremos continuar a estar atentos a todas as alterações que possam vir a ter impacto no consumo e na vida das empresas", vincou.
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)