Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 12 Jun (Reuters) - Pela segunda sessão seguida, o dólar fechou em alta nesta segunda-feira, indo ao patamar de 3,31 reais, diante de temores dos investidores com a cena política brasileira e o andamento das reformas no Congresso Nacional.
O movimento acabou rompendo o teto informal de 3,30 reais que vinha guiando o mercado após a crise envolvendo o governo do presidente Michel Temer ter eclodido.
O dólar BRBY avançou 0,59 por cento, a 3,3115 reais na venda, depois de acumular alta de 1,15 por cento na semana passada.
Na máxima do dia, a moeda norte-americana atingiu 3,3278 reais, maior cotação intradia desde 19 de maio (3,3471 reais). O dólar futuro DOLc1 subia cerca de 0,50 por cento no final da tarde.
"Ainda é cedo para dizer que o intervalo de 3,25 a 3,30 ficou para trás. Estamos vivendo dias de estresse. Depende do noticiário político", disse o gerente de câmbio do banco Ourinvest, João Marcelo Costa.
O novo desafio para o governo do presidente Michel Temer passa pelo PSDB agora. O partido se reúne nesta tarde para definir se continua na base governista depois que Temer foi absolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira. parceiro do governo, o PSDB deverá manter o apoio a Temer com "condicionantes", na avaliação de importantes quadros da legenda ouvidos pela Reuters, como o não surgimento de fatos novos que venham a inviabilizar a gestão do peemedebista. mercado também trabalhou com a expectativa de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, possa denunciar Temer no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o presidente já é investigado por crime, entre outros, de corrupção passiva.
Outro motivo de cautela do mercado foram eventuais desdobramentos da denúncia de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) pode ter sido acionada por Temer para vasculhar a vida do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. final de semana, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, fez duras críticas à possibilidade de espionagem contra Fachin e classificou a denúncia como "gravíssimo crime".
"O mercado está enxergando que não é tão interessante ficar vendido em dólar. Há o temor de Temer ficar mais preocupado em se segurar no cargo do que em governar", comentou o operador de câmbio de uma corretora nacional.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem julho. Com isso, já rolou 2,050 bilhões de dólares do total de 6,939 bilhões de dólares que vence no mês que vem. (Edição de Patrícia Duarte)