Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO, 2 Fev (Reuters) - A anglo-holandesa Shell RDSa.L foi responsável por cerca de 10 por cento da produção de petróleo no Brasil em dezembro, após adquirir a britânica BG Group, no início do ano passado, segundo dados oficiais do país divulgados nesta quinta-feira.
Em dezembro de 2015, a Shell tinha apenas aproximadamente 1 por cento da produção nacional de petróleo, mas com a aquisição da BG a companhia passou a ser a maior parceira da Petrobras PETR4.SA nos valiosos campos do pré-sal.
Enquanto isso, a petroleira estatal brasileira perdeu 3 pontos percentuais em sua fatia na produção nacional no mesmo período e foi responsável pela extração de cerca de 80 por cento do petróleo do país em dezembro, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) desta quinta-feira.
Com o avanço da Shell, a empresa ocupa um espaço estratégico na indústria de petróleo brasileira, em um momento em que a Petrobras, amplamente endividada, perde participação no mercado, abrindo espaço para o crescimento de outras empresas no país.
A produção de petróleo no Brasil atingiu recorde de 2,730 milhões de barris por dia (bpd) em dezembro, alta de 7,8 por cento sobre o mesmo mês de 2015, segundo informou a ANP.
Do montante total em dezembro, o pré-sal representou aproximadamente 1,262 milhão bpd, ou 46 por cento, após aumento progressivo da extração ao longo do ano. Em dezembro de 2015, a região representava cerca de 34 por cento da produção de petróleo do país.
Dessa forma, além da Shell, outras sócias da Petrobras no pré-sal também tiveram um aumento na participação da produção nacional, ao longo do ano, enquanto a estatal brasileira registra um declínio em seus campos maduros, principalmente concentrados na Bacia de Campos.
No entanto, a produção nacional brasileira ainda está muito concentrada.
Prova disso é que as demais sócias da Petrobras no pré-sal Petrogal Brasil e a Repsol (MC:REP) Sinopec, terceira e quarta maiores produtoras do Brasil, corresponderam em dezembro a aproximadamente 3 por cento da produção nacional, ante cerca de 2 por cento um ano antes.
Dados da ANP desta quinta-feira também evidenciaram uma forte mudança na relevância das bacias brasileiras.
Em dezembro de 2016, cerca 55 por cento do petróleo brasileiro foi produzido na Bacia de Campos, contra 65 por cento em dezembro de 2015. Já a Bacia de Santos, onde está a maior parcela do pré-sal, atingiu 39 por cento, ante 27 por cento no mesmo período. (Por Marta Nogueira; edição de Roberto Samora)