Por Sergio Goncalves
LISBOA, 5 Abr (Reuters) - O Abanca, nono maior banco de Espanha em activos, vai manter o foco na rentabilidade e na solidez do capital até 2020, e prevê decidir cotar em Bolsa dentro de 3 anos, disse o 'chairman' Juan Carlos Escotet.
Adiantou que o Abanca já tem uma estrutura e uma 'governance' que cumpre as regras exigidas para ser cotado em Bolsa, tendo sido uma das duas entidades espanholas que o Banco Central Europeu (BCE) reduziu o requerimento específico de capital Pilar 2R.
"Não estamos cotados em Bolsa (...) mas penso que dentro de 3 anos podemos decidir ir ao mercado (...) Ao fazê-lo, nunca perderíamos o controlo", disse o 'chairman' Juan Carlos Escotet, que detém um bloco controlador de 87 pct.
"Nós somos pró-mercado (...) gostamos do mercado de capitais. Se este é o melhor momento (para cotar em Bolsa)? Não é", disse o banqueiro venezuelano, lembrando que as taxas de juro estão ainda baixas, levando a margens reduzidas.
ESTUDA BANCO CAIXA GERAL
O banco espanhol recentemente chegou hoje a acordo para comprar o negócio de Private and Commercial Clients (PCC) do Deutsche Bank (DE:DBKGn) em Portugal e o 'chairman' disse é uma das entidades que "está a estudar" uma possível compra da operação da Caixa Geral de Depósitos em Espanha - o Banco Caixa Geral.
O Banco Caixa Geral está à venda desde dezembro.
Quanto à recente aquisição daquela operação do Deutsche Bank em Portugal frisou: "foi a primeira oportunidade que apareceu, que nos pareceu muito clara".
O 'chairman' referiu que por razões contratuais com o banco alemão não pode divulgar o valor da transação, realçando a recuperação "fantástica" da economia portuguesa nos últimos quatro anos e a descida do desemprego para cerca de metade.
CRESCER PORTUGAL
"O modelo desenvolvido pelo Deutsche Bank em Portugal é absolutamente complementar e atractivo (...) (O Abanca) vem para crescer", afirmou.
O banco espanhol já opera em Portugal através de quatro balcões, com um modelo de negócio focado nas pequenas e médias empresas.
O Abanca vai incrementar o seu volume de negócio em 6.500 ME com a aquisição da operação portuguesa, uma vez que o Deutsche Bank PCC Portugal conta com uma carteira de crédito de 2.400 ME, 1.000 ME e 3.100 ME de activos sob gestão.
A rede comercial adquirida pelo Abanca conta com 41 centros localizados na sua maioria em Lisboa e Porto.
Afirmou que o Abanca é o nono maior banco espanhol em activos, e o segundo em rentabilidade, atrás do Bankinter.
O Abanca, com 50.784 ME de activos, teve um lucro de 367,1 milhões de euros (ME) em 2017 e um ROTE-Return on tangible equity de 10,3 pct, com o crédito a situar-se em 28.862 ME e os recursos de clientes da ordem dos 38.862 ME. O rácio de morosidade fixou em 4,7 pct.
Em 2017, o 'common equity' Tier 1 (CET1) 'phased in' fixou em 15 pct - "entre as 3 entidades espanholas melhor capitalizadas" - e tinha um excesso de CET1 de 1.863 milhões de euros (ME) sobre o requerimento do Banco Central Europeu (BCE).
"A nossa força de capital permite-nos aproveitar oportunidades de crescimento no mercado", disse o 'chairman'.
Este banco espanhol, que tem 2,1 milhões de clientes, é a instituição financeira líder no Noroeste de Espanha, com 640 balcões e mais de 4.600 colaboradores.
"No triénio 2018-20 vamos focar-nos em gerir o 'entorno' para manter altos níveis de rentabilidade com uma sólida posição de capital", afirmou
As metas do banco para 2018-2020 passam por um ROTE de cerca de 10 pct, um CET1 superior a 13 pct e um volume de negócio à volta de 85.000 ME. O rácio de morosidade deverá ser inferior a 3 pct.
(Por Sérgio Gonçalves)