LISBOA, 16 Nov (Reuters) - As descidas do BCP, EDP (SA:ENBR3) e Galp empurram a bolsa de Lisboa para uma queda de 0,9 pct, em linha com as descidas das pares europeias, com os investidores à espera de um conjunto de dados macro vindos dos EUA, enquanto os juros soberanos agravam apesar do leilão de dívida de curto ter saído dentro do previsto.
Portugal colocou 1.500 milhões de euros (ME) de Bilhetes do Tesouro (BT) a seis e 12 meses com as taxas praticamente estáveis face às últimas emissões comparáveis, apesar da forte subida dos 'yields' em mercado secundário e um dia após o país ter surpreendido os analistas com uma expansão da economia muito superior ao esperado no terceiro trimestre de 2016. o máximo previsto e tivemos um ligeiro ajuste em alta nas taxas, reflexo do que se passou esta semana no mercado secundário, no rescaldo da vitória eleitoral de Donald Trump", disse Filipe Silva, gestor de dívida do Banco Carregosa.
Para Marisa Cabrita, gestora de activos da Orey Financial: "na generalidade, considerando o 'sell off' observado no mercado obrigacionista, um pouco por todo o lado, depois da eleição de Donald Trump, e que levou à subida das 'yields', os resultados do leilão de hoje podem ser considerados positivos".
A 'yield' 'benchmark' das obrigações portuguesas a 10 anos dispara hoje 16 pontos base para 3,68 pct no mercado secundário, em sintonia com os pares, penalizada pelo 'sell off' geral do mercado de obrigações nas últimas sessões.
Alguns operadores também explicam a subida das 'yields' com a venda de dívida portuguesa de longo prazo, nas carteiras dos investidores, abrindo assim espaço para reentrarem numa eventual nova emissão, na próxima semana.
* No mercado accionista, as acções do Millennium bcp BCP.LS recuam 3 pct, com os pares europeus, as da EDP EDP.LS perdem 1,64 pct e as da Galp Energia GALP.lS caem 1,41 pct, acompanhando a descida de 0,7 pct do barril de Brent.
* As quedas do preço do petróleo espelham os dados da indústria que mostraram uma subida superior ao esperado dos inventários de crude nos EUA, num mercado que está já em sobreprodução.
* Os inventários semanais de petróleo dos EUA subiram 3,6 milhões de barris na semana passada, segundo o grupo industrial do American Petroleum Institute (API), superando as expectativas dos analistas de um aumento de 1,5 milhões de barris. API/S
* Pela positiva, as acções da Pharol PHRA.LS ganham 3,78 pct, as da Corticeira Amorim CORA.LS sobem 0,3 pct e da Jerónimo Martins JMT.LS somam 0,1 pct.
* O índice europeu STOXX 600 .STOXX cai 0,4 pct, com os sectores da banca, utilities e retalho a registarem as piores performences.
* Os investidores estão de olhos postos na divulgação dos números referentes à produção industrial, ao índice de preços no produtor e ao sentimento dos construtores nos EUA.
* Os planos do presidente eleito Donald Trump de cortar impostos e aumentar os gastos em infraestrutura deverão impulsionar a atividade económica, enquanto suas propostas para deportar imigrantes ilegais e impor tarifas sobre importações baratas são vistas a impulsionar a inflação.
* Essa perspectiva deu origem a expectativas de que as taxas de juros dos EUA vão subir mais rápido do que antes se previa, impulsionando o dólar para máximos de 11 meses.
* Seria preciso uma surpresa para o Federal Reserve não aumentar as taxas de juros dos EUA no próximo mês, disse o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard.
* Os traders estão a incorporar 90,6 pct de probabilidade do banco central aumentar as taxas na reunião de Dezembro, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.
(Por Patrícia Vicente Rua)