LISBOA, 24 Jan (Reuters) - A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a acompanhar de perto a Oferta da China Three Gorges (CTG) sobre a EDP (SA:ENBR3) EDP.LS e a EDP Renováveis EDPR.LS e, apesar de não haver novidades, não há sinais que a CTG se esteja a preparar para abandonar os 'bids', disse João Geão, administrador da CMVM.
O responsável da área de emitentes do regulador lembrou que, após o anuncio preliminar daquelas OPAs da CTG em Junho de 2018, o pedido de registo destes 'bids' na CMVM está dependente de "autorizações administrativas num conjunto alargado de jurisdições".
Antes desse processo ser concluído "não pode avançar o processo na CMVM em termos de completude de apreciação do registo", adiantando: "não há novidades".
"Seria um problema, para a CMVM, obviamente constatar que existia, digamos assim, um abandono dos processos (de pedidos de autorizações junto de outras entidades) de que depende o processo da CMVM (para registar a Oferta) e não é o caso", disse João Geão em conferência de imprensa.
"A CMVM obviamente está atenta a esse tipo de situação obviamente", disse João Geão.
Adiantou que "a CMVM mantém um contacto próximo com o oferente", frisando: "obviamente não posso partilhar os detalhes".
Explicou que, neste caso em concreto, "a administração da EDP não está em gestão corrente", ou seja não tem os seus poderes de gestão condicionados.
"O maior constragimento da pendência de uma Oferta não se aplica neste caso em concreto, é um aspecto relevante".
A CTG lançou preliminarmente em Junho de 2018 um anúncio preliminar de oferta de 9 mil milhões de euros para a aquisição da EDP e da EDP Renováveis, oferecendo preços de 3,26 euros por acção e de 7,33 euros respectivamente - ambos rejeitados pelas empresas portuguesas como não reflectindo o valor.
Contudo, os analistas vêm muito difícil que a CTG consiga o 'OK' das autoridades norte-americanas - Cifius - para comprar os activos nos EUA, bem como da DG COMP europeia.
Alguns analistas têm alertado que este 'bid' parece não estar em consonância com as regras europeias de concorrência relativas ao 'unbundling' - a obrigação de separar a produção e a distribuição de electricidade do transporte.
(Por Sérgio Gonçalves Editado por Patrícia Vicente Rua)