Por Andrei Khalip
LISBOA, 11 Out (Reuters) - O ex-primeiro-ministro português José Sócrates foi indiciado devido a acusações de corrupção e lavagem de dinheiro nesta quarta-feira, em meio à maior investigação de corrupção de Portugal, que procuradores dizem ter exposto seus laços ilícitos com uma elite empresarial que é alvo do inquérito.
Nem o socialista Sócrates nem seus advogados estavam disponíveis para comentar, mas ele negou qualquer irregularidade em muitas ocasiões, afirmando que as acusações têm motivações políticas.
Um indiciamento de mais de 4 mil páginas emitido após um inquérito de quatro anos acusa Sócrates de desempenhar um papel crucial e de receber milhões de euros em um esquema envolvendo os ex-dirigentes do império bancário Espírito Santo e da Portugal Telecom, maior operadora de telecomunicações do país.
As duas entidades deixaram de existir desde então, infligindo bilhões de euros de perdas a contribuintes e acionistas, e seu antigo alto escalão caído em desgraça foi acusado de outros crimes em outras investigações de grande repercussão.
Sócrates, que foi premiê entre 2005 e 2011, foi preso em 2014 devido à suspeita de corrupção e passou três meses detido antes de ser transferido para prisão domiciliar enquanto procuradores e policiais continuavam investigando para produzir o indiciamento formal.
Agora ele está sujeito a três acusações de corrupção passiva durante o exercício de um cargo político, 16 acusações de lavagem de dinheiro, nove acusações de falsificação de documentos e três de evasão fiscal. Os supostos crimes ocorreram entre 2006 e 2015.
Ainda não se marcou uma data para seu julgamento.