(Texto reescrito e atualizado com mais informações e contexto)
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO, 3 Abr (Reuters) - A Petrobras PETR4.SA anunciou nesta terça-feira dois resultados favoráveis para a companhia em disputas contra a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que poderão evitar a cobrança de bilhões de reais a título de compensações financeiras pela exploração de petróleo.
Em um dos casos, a empresa obteve decisão cautelar favorável em arbitragem junto à ANP relativa ao Parque das Baleias, na parcela capixaba da Bacia de Campos, em uma disputa histórica, que pode abrir caminho para que a Petrobras não seja cobrada em bilhões de reais em participações especiais.
A participação especial é uma compensação financeira paga por petroleiras apenas em campos com grande volume de produção, diferentemente dos royalties, que incidem sobre o volume total da produção de todas as áreas.
Nesta disputa, a ANP defende que a produção do Parque das Baleias deve ser considerada em conjunto para o cálculo das participações especiais, o que eleva as compensações a serem pagas, argumento que é rebatido pela Petrobras.
Segundo a Petrobras, a cobrança realizada pela ANP corresponde à diferença de participação especial entre o segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2017, no valor aproximado de 8 bilhões de reais.
Em sua decisão, segundo a Petrobras, o tribunal arbitral afastou a necessidade de depósito ou pagamento dos valores referentes à diferença de participações especiais mediante o oferecimento de garantia, a ser acordada entre Petrobras e ANP.
"A companhia continuará a discussão de mérito quanto à unificação dos campos do Parque das Baleias, perante o Tribunal Arbitral", disse a Petrobras em nota.
Em outro caso, a agência reguladora cancelou um processo administrativo contra o consórcio responsável pelo campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, o maior produtor do Brasil, que poderia custar somente à Petrobras 1,8 bilhão de reais.
O processo administrativo surgiu a partir de uma divergência entre ANP e Petrobras na interpretação da aplicação dos preços de petróleo utilizados para o cálculo das participações governamentais (royalties e participações especiais), no período de maio de 2013 a dezembro de 2016.
"As consorciadas entenderam que atuaram de acordo com a legislação regulatória vigente à época dos fatos, motivo pelo qual apresentaram defesa na esfera administrativa", disse a Petrobras em uma nota enviada ao mercado.
Procurada para comentar sua decisão, a ANP informou por e-mail que não iria comentar.
A Petrobras é a operadora do campo de Lula, com 65 por cento de participação, em parceria com a Shell RDSa.L (25 por cento) e a Petrogal Brasil PETP.UL , controlada pela Galp GALP.LS (10 por cento). (Por José Roberto Gomes e Marta Nogueira Edição de Roberto Samora)