LISBOA, 20 Fev (Reuters) - A balança corrente de Portugal teve um défice de 1.230 milhões de euros (ME) em 2018, face ao excedente de 879 ME em 2017, com o défice da balança de bens a aumentar 21 pct e o défice de rendimento primário a agravar, segundo o Banco de Portugal (BP).
A balança corrente resulta da soma da balança comercial, com o investimento externo e transferências líquidas. Um valor positivo mostra que os activos de um país no estrangeiro aumentaram, e quando é negativo implica que a economia do país está a ser financiada por poupança externa.
O défice da balança de bens piorou 2.599 ME, mas o excedente da balança de serviços cresceu 1.099 ME, com forte apoio da rubrica de viagens e turismo, cujo saldo passou de 10.861 ME para 11.910 ME.
Em 2018, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital caiu para os 903 milhões de euros (ME), face aos 2.699 ME registados em 2017.
As exportações de bens e serviços cresceram 5,8 pct - 5,4 pct nos bens e 6,5 pct nos serviços - e as importações aumentaram 7,9 pct - 8,4 pct nos bens e 6 pct nos serviços.
O défice da balança de rendimento primário situou-se em 5.701 ME, superando o défice de 4.859 ME verificado no ano anterior.
O Banco de Portugal explicou que este acréscimo resultou, sobretudo, do aumento dos dividendos pagos a entidades não residentes.
No ano como um todo, o saldo da balança financeira registou um aumento dos activos líquidos de Portugal face ao exterior de 1.448 ME.
"Esta evolução resultou da redução de passivos das administrações públicas com a amortização antecipada de 5.391 ME, no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira, e do aumento dos activos sobre o exterior dos bancos e das sociedades de seguros com o investimento em títulos de dívida emitidos por não residentes", disse o BP.
Acrescentou que "estes movimentos foram parcialmente compensados pelo aumento de passivos resultante do investimento de não residentes no capital de sociedades não financeiras".
(Por Gonçalo Almeida Editado por Sérgio Gonçalves)