RIO DE JANEIRO, 25 Jul (Reuters) - A petroleira Barra Energia estuda participar do leilão da área adjacente à promissora descoberta de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, neste ano, mas ainda avalia se terá recursos para fazer frente ao investimento e se a oferta faria sentido do ponto de vista estratégico, disse o CEO da companhia, Renato Bertani.
A parcela da jazida de Carcará que está fora dos limites do contrato será leiloada em rodada do pré-sal em outubro deste ano, por um bônus fixo de 3 bilhões de reais.
Estima-se que a fatia que vai a leilão contenha uma reserva de 2 bilhões de barris de petróleo "in situ", o que indica uma reserva gigante, na avaliação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
"Estamos analisando todas as oportunidades que surgem, inclusive essa. Mas temos que pesar dois lados, primeiro alinhamento estratégico e segundo gestão da nossa capacidade de investimentos", disse Bertani, durante um evento no Rio.
"Não vamos nos comprometer com algo que gere dificuldade de caixa no futuro."
O executivo explicou que ainda não há conversas para a formação de consórcios para o leilão.
"Ainda estamos muito na avaliação do ativo e da parte econômica, porque é um outro modelo de contrato, o que demanda uma análise mais complexa", ressaltou.
A Barra Energia, controlada pelos fundos de private equity First Reserve e Riverstone Holdings, detém 10 por cento do bloco BM-S-8, onde está a descoberta original de Carcará.
Bertani afirmou que não recebeu uma oferta da norueguesa Statoil STL.OL por sua participação no BM-S-8.
Neste mês, a Statoil anunciou a compra de 10 por cento do ativo da Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP (SA:QGEP3)) por 379 milhões de dólares. Também já havia comprado 66 por cento e o controle do bloco da Petrobras, por 2,5 bilhões de dólares, além de manifestar seu interesse no leilão da parte adjacente.
O ativo traz grandes expectativas para o mercado. Em anúncios anteriores, a Petrobras PETR4.SA revelou que testes mostraram alta produtividade, equivalentes aos melhores poços produtores do pré-sal.
O executivo falou com jornalistas durante audiência pública realizada pela ANP para receber contribuições sobre os pré-editais e minutas de contrato da 2ª e 3ª Rodadas de Partilha da Produção.
ATRATIVIDADE DOS LEILÕES
Bertani afirmou que defende que o sócio que adquirir a área adjacente de Carcará tenha como exigência fazer pelo menos dois poços em dois anos na nova área, enquanto o contrato atual prevê apenas um poço em três anos.
"Achamos que é muito pouco em relação a dimensão da descoberta e é absolutamente viável acelerar esse programa", afirmou.
Também presente na audiência pública, o secretário executivo do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Antonio Guimarães, afirmou que os documentos apresentados pela ANP mostram "que o governo se movimentou para tornar o contrato mais atrativo".
Entretanto, destacou que há pontos que o IBP pede que haja mudança. Dentre eles, explicou que a dinâmica do dia do leilão não estimula maior concorrência.
Nas regras propostas pela ANP, os ofertantes farão todas as ofertas pelas áreas de uma só vez e a ANP irá apontar os vencedores.
"(Dessa forma) você perde a capacidade de criar competitividade, porque se há uma empresa que tem uma limitação de quantos blocos pode comprar e tiver que fazer todas as ofertas de uma só vez...Quando (ela) faz sequencialmente e...perde, já sabe que tem recursos para ir para uma segunda", disse Guimarães. (Por Alexandra Alper; Texto de Marta Nogueira; Edição de José Roberto Gomes)