Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, 24 Mai (Reuters) - O tom negativo prevalecia na bolsa brasileira na manhã desta quinta-feira, com as ações da Petrobras despencando mais de 10 por cento, em meio a preocupações sobre a influência política na empresa, após a estatal reduzir o preço do diesel em razão dos protestos dos caminhoneiros.
Às 12:16, o Ibovespa .BVSP caía 1,64 por cento, a 79.542 pontos. Na mínima da sessão até o momento, o índice recuou 2,28 por cento. O volume financeiro era de 7 bilhões de reais.
Na visão do chefe da mesa de renda variável da CM Capital Markets, Fabio Carvalho, a percepção de risco com emergentes vem aumentando e, no Brasil, isso é potencializado pelo quadro eleitoral indefinido, o que abre espaço para incertezas sobre questões regulatórias que necessitam convergência política.
"Se havia dúvida de como o governo reagiria em algum momento de instabilidade, o que aconteceu com a Petrobras e também a Eletrobras nos últimos dias foi uma sinalização não acertada", disse.
Dados sobre o fluxo para o segmento Bovespa também continuam mostrando saída líquida de capital externo. Até o dia 21, o saldo estava negativo em 2,785 bilhões de reais em maio. Street endossava o viés negativo no pregão brasileiro, com o S&P 500 .SPX em baixa de 0,7 por cento, tendo no radar decisão do presidente norte-americano Donald Trump de cancelar um encontro planejado com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un e com o recuo das ações de bancos e queda de preço do petróleo também pesando nos negócios. PETROBRAS PN PETR4.SA e PETROBRAS ON PETR3.SA desabavam 12,4 e 11,8 por cento, respectivamente, em meio à reação negativa dos investidores à decisão da companhia de reduzir preços em razão dos protestos dos caminhoneiros. Analistas cortaram a recomendação dos papéis da companhia, citando preocupação com aumento dos riscos de interferência política na estatal, entre eles os do Credit Suisse, Morgan Stanley (NYSE:MS) e Itaú BBA. "As regras do jogo mudaram", destacou André Hachem, do Itaú BBA. ELETROBRAS PNB ELET6.SA e ELETROBRAS ON ELET3.SA recuavam 7,3 e 4,7 por cento, respectivamente, ainda pressionadas pela frustração dos investidores com a dificuldade do governo para seguir adiante com a privatização da companhia. BANCO DO BRASIL BBAS3.SA recuava 2,6 por cento, liderando as perdas do setor bancário no Ibovespa. A ação do banco estatal tende a sofrer mais em momentos de preocupação com riscos políticos no país. BRADESCO PN BBDC4.SA perdia 0,6 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN ITUB4.SA caía 0,25 por cento. SANTANDER UNIT SANB11.SA cedia 1,1 por cento.
- GOL PN GOLL4.SA recuava 2,8 por cento, conforme o dólar voltava a se valorizar ante o real, uma vez que a companhia aérea tem a maior parte de suas despesas operacionais atreladas à moeda norte-americana. A companhia também divulgou que está aplicando medidas de contingência em toda operação em razão dos impactos dos protestos, "mantendo as ações necessárias para minimizar os impactos aos seus clientes". BRASKEM BRKM5.SA tinha alta de 5,84 por cento, apoiada em expectativas relacionadas a aquisição do controle da petroquímica, após o jornal Valor Econômico noticiar que a holandesa LyondellBasell LYB.N preparou uma nova proposta à Odebrecht para comprar o controle da Braskem, avaliando a petroquímica brasileira em 41,5 bilhões de reais. A Braskem disse que a Odebrecht ODBES.UL negou ter recebido proposta da LyondellBasell. VALE VALE3.SA tinha acréscimo de 0,58 por cento, depois de ter subido 2 por cento mais cedo, tendo como pano de fundo a alta dos preços do minério de ferro na China .IO62-CNO=MB .
- SUZANO SUZB3.SA valorizava-se 5,5 por cento, encontrando na valorização do dólar ante o real suporte para a recuperação após queda nos três pregões anteriores.
Para ver as maiores baixas do Ibovespa, clique em .PL.BVSP
Para ver as maiores altas do Ibovespa, clique em .PG.BVSP
(Edição de Raquel Stenzel)