Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, 12 Mar (Reuters) - O Ibovespa seguia com queda de dois dígitos nesta quarta-feira, mas se afastava das mínimas da sessão, quando ameaçou disparar o terceiro circuit breaker do dia, após o Federal Reserve de Nova York anunciar que irá injetar 1,5 trilhão de dólares no sistema financeiro em um esforço para tentar acalmar os mercados.
Às 16:42, o Ibovespa .BVSP caía 15,46%, a 72.004,88 pontos. O volume financeiro somava 25,6 bilhões de reais.
Nesse ritmo, o Ibovespa caminha para o pior resultado desde setembro de 1998, período da crise financeira russa, quando fechou em baixa de 15,8%
O pregão brasileiro teve as negociações suspensas primeiro por volta de 10:20, por 30 minutos, após o Ibovespa cair mais de 10% e depois, antes das 11:15, por 1 hora, conforme acelerou a perda a mais de 15%. A última vez que a bolsa parou duas vezes por circuit breaker foi durante a crise financeira de 2008.
Pouco antes do anúncio do Fed, o Ibovespa renovou mínima da sessão, a 68.488,29 pontos, menor patamar intradia desde agosto de 2017, em queda de 19,59%, ameaçando o terceiro circuit breaker do dia. Se cair 20%, a bolsa pode determinar a suspensão da negociação por um período por ela definido.
Por volta do mesmo horário, a B3 também anunciou que estava mudando exclusivamente para essa sessão o limite de oscilação diária para o contrato futuro de Ibovespa dos atuais 10% para 15%. Nesta tarde, o contrato para abril do índice INDJ20 cedia 10,45%, a 72.125 pontos, limite de baixa.
O Fed de Nova York disse que introduzirá 1,5 trilhão de dólares novas operações compromissadas e que começará a comprar uma série de vencimentos como parte das compras mensais de Treasuries.
Ele ofereceria 500 bilhões de dólares em uma operação compromissada de três meses ainda nesta quinta-feira; e na sexta-feira oferecerá 500 bilhões de dólares adicionais em recompra de um mês e outros 500 bilhões de dólares em operação compromissada de três meses. grande e, finalmente, responde a preocupações com o funcionamento de alguns segmentos-chave do mercado. A intervenção pode aliviar os riscos de liquidez..." afirmou Mohamed A. El-Erian, economista-chefe da Allianz (DE:ALVG), em sua conta no Twitter.
O componente mais recente para a onda de vendas nos mercados de ações veio na noite da véspera, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs restrições abrangentes a viagens da Europa para o país, entre outras medidas, o que tende a afetar ainda mais o ritmo das economias. falta de detalhes dos estímulos do governo americano para combater o surto de Covid-19 decepcionou os investidores", afirmou a equipe da Elite Investimentos, em nota a clientes mais cedo.
O cenário político econômico no Brasil corroborava o clima mais negativo nos negócios, após o Congresso Nacional derrubar na quarta-feira veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), o que terá impacto estimado em 20 bilhões de reais no primeiro ano. no panorama local, o presidente Jair Bolsonaro está sendo monitorando para o coronavírus, após o secretário especial de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, testar positivo para o vírus. O secretário fez parte da comitiva presidencial de Bolsonaro aos EUA, onde se encontrou com Trump. visão do gestor Alfredo Menezes, da Armor Capital, os preços dos ativos no Brasil não estão coerentes com fundamentos, mas busca por liquidez, o que, por um lado, pode forçar o Executivo e o Legislativo a aprovarem as reformas.
"Difícil mensurar o tempo para se realinhar preços e alavancagem do sistema. Mas que já há muita coisa barata há."
DESTAQUES
- AZUL PN AZUL4.SA derretia cerca de 32% e GOL PN GOLL4.SA tombava 35%, pressionadas pelo noticiário relacionado ao coronavírus, além da disparada do dólar, que superou 5 reais pela primeira vez. No caso da Azul, a companhia ainda suspendeu previsões para 2020, citando incertezas em razão do vírus, bem como anunciou uma série de medidas para reduzir o impacto da pandemia em seu resultado, entre elas corte na capacidade internacional entre 20% a 30%. CVC BRASIL ON CVCB3.SA despencava 30,8%, também pressionada pelas preocupações com o efeito de medidas de combate ao coronavírus.
- IRB BRASIL ON IRBR3.SA caía 29,3%, também entre as maiores quedas. A Polícia Federal fez buscas nesta quinta-feira no escritório da resseguradora. Uma fonte com conhecimento do assunto informou que a operação é parte de uma investigação envolvendo o agora ex-vice presidente de finanças da companhia, Fernando Passos. PETROBRAS PN PETR4.SA e PETROBRAS ON PETR3.SA caíam 20,9% e 21,2%, na esteira da queda dos preços do petróleo, além do forte 'sell-off' global.
- VALE ON VALE3.SA recuava 13,3%, também contaminada pelo pessimismo dos investidores globalmente.
- BTG PACTUAL UNIT BPAC11.SA tinha queda de 27,5%, maior declínio entre os bancos listados no Ibovespa. ITAÚ UNIBANCO PN ITUB4.SA recuava 11,7% e BRADESCO PN BBDC4.SA cedia 14%, enquanto BANCO DO BRASIL ON BBAS3.SA perdia 13,7% e SANTANDER BRASIL UNIT SANB11.SA caía 15%.
- BANCO INTER UNIT BIDI11.SA tinha queda de 19,1%, também se afastando das mínimas, quando chegou a perder 31,15%. O conselho de administração do banco aprovou programa de recompra de até 3.375.530 ações ordinárias BIDI3.SA e de até 29.544.864 ações preferenciais, equivalente a 10% das ações em circulação. ver as maiores baixas do Ibovespa, clique em .PL.BVSP
Para ver as maiores altas do Ibovespa, clique em .PG.BVSP
(Edição Alberto Alerigi Jr.)