Poupe 40%
Novo! 💥 Adira a ProPicks e veja a estratégia que superou o S&P 500 em + de 1,183% Poupe 40%

Brasil vê 'corrida' por projetos de energia solar antes do fim de subsídio

Publicado 20.04.2021, 15:22
Atualizado 20.04.2021, 15:24
© Reuters

Por Luciano Costa

SÃO PAULO, 20 Abr (Reuters) - O Brasil tem visto uma verdadeira "corrida" de investidores pelo registro de novos projetos de geração renovável, principalmente solares, em meio à previsão de retirada a partir de 2022 de um subsídio concedido a novos empreendimentos de energia limpa.

O movimento envolve empresas como as espanholas Iberdrola (MC:IBE) e Solatio, as francesas Voltalia e EDF (PA:EDF), a italiana Enel (MI:ENEI) e a portuguesa EDP Renováveis (LS:EDPR), além da Atlas Energia, da britânica Actis, e grupos locais como Pacto e Casa dos Ventos, segundo relatório da consultoria ePowerBay antecipado à Reuters.

A tendência também entrou no radar da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Um diretor do regulador, Sandoval Feitosa, apontou na última semana "preocupação" com o excesso de pedidos de outorgas para novas usinas e disse que avaliará eventuais mudanças no processo de aprovação de projetos.

O maior apetite de investidores vem após o governo ter sancionado em março uma lei decorrente da medida provisória 998/2020, que prevê o fim de um desconto em taxas pelo uso da rede elétrica garantido hoje a projetos de geração renovável.

Esse incentivo, que é custeado com encargos cobrados nas contas de luz, só será concedido a novos projetos solares e eólicos que obtenham outorga da Aneel até março de 2022.

Se antes da publicação da MP 998, em setembro passado, a Aneel registrou em um mês pedidos de outorga para 8,7 gigawatts em novos projetos, em março de 2021 esse volume mais do que dobrou para 18 gigawatts, destacou a ePowerBay em seu relatório.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta, nem recomendação da Investing.com. Ver declaração aqui ou remover anúncios .

O montante supera a capacidade de Itaipu (14 GW) e é bem maior que o total do Brasil em grandes usinas solares (3,3 GW).

"Certamente o fim do desconto está acelerando a busca pela outorga de autorização pelas empresas desenvolvedoras, principalmente para os projetos solares", afirmou a consultoria.

A grande movimentação acende um alerta devido a temores de que algumas empresas estejam buscando garantir outorgas apenas para lucrar mais à frente, quando projetos que tenham assegurado o desconto no uso da rede vão se tornar mais raros e valiosos, disse à Reuters o presidente da comercializadora de energia Copel Mercado Livre, Franklin Kelly Miguel.

Um dos motivos para preocupações com a possível especulação em torno de projetos e a corrida por outorgas é a possibilidade de que as regiões com melhores irradiações solares acabem "congestionadas", com as usinas previstas esgotando a capacidade da rede de transmissão, disse o sócio da ePowerBay, Afonso Lugo.

"Do norte de Minas até o leste de Goiás tem muitos projetos, é uma região que está bastante requisitada. E isso é puxado pela solar, porque ali não tem eólicas."

O aquecimento nos pedidos de outorga solar também deve-se às menores exigências --eólicas têm que entregar históricos de medição de ventos de pelo menos três anos, acrescentou Lugo.

Entre as empresas que mais solicitaram outorgas para usinas solares junto à Aneel estão as desenvolvedoras brasileiras Aurora Energias Renováveis (7,2 GW), Pacto (5,3 GW) e Casa dos Ventos (4,4 GW), segundo levantamento da ePowerBay.

Das estrangeiras, destacam-se as francesas Voltalia (4 GW) e EDF (1 GW), as espanholas Iberdrola (2,1 GW) e Solatio (1,2 GW) e a portuguesa EDP (SA:ENBR3) Renováveis (1,75GW); além da Atlas (1,2 GW), da Actis, e a italiana Enel Green Power (910 MW).

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta, nem recomendação da Investing.com. Ver declaração aqui ou remover anúncios .

A ePowerBay listou ainda petroleiras, como a anglo-holandesa Shell, que pediu outorga para 1,5 GW em usinas solares, e a Total Eren, da francesa Total, que já obteve outorga para 48 MW.

ANEEL ATENTA

O apetite pelas outorgas para renováveis chamou a atenção da Aneel, que avalia os pedidos, disse na última terça-feira o diretor Sandoval Feitosa, em reunião semanal do regulador.

Ele demonstrou preocupação de que certos investidores tenham pedido outorga só para "ocupar um lugar ao sol", prejudicando quem quer "efetivamente implantar seus empreendimentos".

Segundo o diretor, já há queixas de empresários que temem que novos projetos sendo registrados possam interferir negativamente sobre seus empreendimentos em desenvolvimento.

"Temos em torno de mil outorgas vigentes e pouco mais de 200 estão efetivamente em construção", afirmou Feitosa.

Ele ficou de estudar uma proposta para eventual mudança no rito de concessão das outorgas, o que seria submetido à apreciação do restante da diretoria da agência.

DESCONTO VALIOSO

O Ministério de Minas e Energia defende que os subsídios às renováveis que serão eliminados a partir de 2022 geram custos de cerca de 4 bilhões de reais por ano para os consumidores de energia em geral, por meio de encargos na conta de luz, em despesas que ainda aumentavam cerca de 500 milhões por ano.

Os beneficiados com o incentivo são empresas que atuam no chamado mercado livre de eletricidade, onde clientes com grande demanda como indústrias podem negociar diretamente contratos de energia com geradores e comercializadoras.

O CEO da Copel Mercado Livre, Franklin Miguel, disse que na prática o incentivo gera redução de custos de 35 e 40 reais por megawatt-hora para o comprador dessa energia.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta, nem recomendação da Investing.com. Ver declaração aqui ou remover anúncios .

Isso permite que a produção de eólicas e solares, negociada no mercado livre elétrico a entre 120 e 130 reais por megawatt-hora, seja bastante competitiva frente à energia "convencional" de hidrelétricas, vendida a 90 reais por MWh, exemplificou ele. (Por Luciano Costa; edição de Roberto Samora)

Últimos comentários

Divulgação de riscos: A realização de transações com instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve altos riscos, incluindo o risco de perda de uma parte ou da totalidade do valor do investimento, e pode não ser adequada para todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos tais como eventos financeiros, regulamentares ou políticos. A realização de transações com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir realizar transações com instrumentos financeiros ou criptomoedas, deve informar-se sobre os riscos e custos associados à realização de transações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente os seus objetivos de investimento, nível de experiência e nível de risco aceitável, e procurar aconselhamento profissional quando este é necessário.
A Fusion Media gostaria de recordar os seus utilizadores de que os dados contidos neste website não são necessariamente fornecidos em tempo real ou exatos. Os dados e preços apresentados neste website não são necessariamente fornecidos por quaisquer mercados ou bolsas de valores, mas podem ser fornecidos por formadores de mercados. Como tal, os preços podem não ser exatos e podem ser diferentes dos preços efetivos em determinados mercados, o que significa que os preços são indicativos e inapropriados para a realização de transações nos mercados. A Fusion Media e qualquer fornecedor dos dados contidos neste website não aceitam a imputação de responsabilidade por quaisquer perdas ou danos resultantes das transações realizadas pelos seus utilizadores, ou pela confiança que os seus utilizadores depositam nas informações contidas neste website.
É proibido usar, armazenar, reproduzir, mostrar, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos neste website sem a autorização prévia e explicitamente concedida por escrito pela Fusion Media e/ou pelo fornecedor de dados. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados pelos fornecedores e/ou pela bolsa de valores responsável pelo fornecimento dos dados contidos neste website.
A Fusion Media pode ser indemnizada pelos anunciantes publicitários apresentados neste website, com base na interação dos seus utilizadores com os anúncios publicitários ou com os anunciantes publicitários.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que há qualquer discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.