LISBOA, 3 Mai (Reuters) - As acções dos CTT CTT.LS seguem a disparar 3,5 pct após os comentários do Chief Executive Officer (CEO) Francisco Lacerda a manter 'guidance' tráfego correio endereçado, apesar da forte queda que este teve no primeiro trimestre de 2018, segundo traders.
Em entrevista telefónica à Reuters, o CEO do operador postal CTT manteve o 'guidance' que o tráfego de correio endereçado cairá entre cinco e seis pct este ano, apesar de ter descido 9,1 pct no primeiro trimestre de 2018.
O CEO Francisco Lacerda realçou ainda que o segmento de Expresso e Encomendas está agora a crescer de forma mais sólida.
"Nós, nesta data, não damos qualquer novo 'guidance', o que quer dizer que permanece em vigor o que demos. Não estou optimista, nem pessimista, mantenho o 'guidance' que dei em Março", disse acerca da perspectiva para o tráfego de correio endereçado.
"As declarações do CEO são optimistas e são bem vistas pelos investidores, depois de os lucros terem diminuido para metade", disse Paulo Rosa, trader da Go Bulling, no Porto.
Adiantou que, "se o plano de reestruração em curso funcionar, estes lucros (de 5 ME no primeiro trimestre) poderão subir a prazo, por exemplo já num horizonte de 2019".
As acções dos CTT, na sequência do desapontante lucro líquido do primeiro trimestre, abriram a negociação a cair 3 pct. Os títulos do operador postal estão, neste momento, a subir 3,54 pct para 3,16 euros, sendo as acções que mais sobem no índice PSI20 .PSI20 .
Ontem, ao final da tarde, os CTT-Correios de Portugal anunciaram que o lucro líquido consolidado teve uma queda homóloga de 48,2 pct para 5,4 milhões de euros (ME) no primeiro trimestre de 2018, com o tráfego de correio endereçado a cair 9,1 pct, mais do que o intervalo estimado pela empresa.
A queda do tráfego de correio endereçado - o negócio tradicional - é acompanhado pelos analistas, que têm dito que duas as futuras 'alavancas' - Expresso & Encomendas e o Banco CTT - para contrariar aquela descida ainda não são suficientes.
Francisco Lacerda adiantou que aquela queda de 9,1 pct nos volumes de correio endereçado "foi importante, embora ajustado pelos dois dias úteis a menos que este primeiro trimestre de 2018 teve quando comparado com o período homólogo, venha para 6,1 pct".
"(Uma queda de) 6,1 pct está no limite pior do nosso intervalo de (uma queda) de cinco a seis pct", afirmou o Chief Executive Officer (CEO) em entrevista telefónica à Reuters.
"Mas, quando olhamos para a receita do correio, este cai apenas 0,8 pct ou seja um número bastante diferente daquele (queda de 9,1 pct)", referiu Francisco Lacerda.
Afirmou que tal "tem a ver com efeitos de 'mix', em que o impacto positivo principal é um aumento com algum significado do correio internacional de chegada".
"Tem muito a ver com os pacotes que vêm da China e onde houve algumas evoluções positivas neste trimestre quando comparado com o homólogo", explicou.
Acrescentou que "há também a questão do correio que está a cair mais ser o correio normal dos grandes clientes, ou seja fundamentalmente aqueles que têm mais a ver com a questão transaccional das facturas e extratos".
"E este é também o correio mais barato daquele que transportamos e portanto isso também impacta que a queda em receita seja mais baixa do que a queda em volumes", frisou.
Comparando com o período homólogo, os rendimentos operacionais mantiveram-se estáveis nos 176,9 ME entre Janeiro e Março de 2018 - "resultado do crescimento das áreas de negócio Expresso e Encomendas, que inclui a incorporação da Transporta, e o Banco CTT, que compensaram o decréscimo verificado nas áreas de Correio e Serviços Financeiros".
(Por Sérgio Gonçalves)