Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 30 Out (Reuters) - A estatal Caixa Geral de Depósitos, recentemente recapitalizada, reduziu os prejuízos 75 pct para 47 milhões de euros (ME) nos primeiros nove meses de 2017, beneficiando de um aumento da margem financeira e das comissões, mas as elevadas imparidades de crédito continuaram a pesar.
Em Setembro, a Comissão Europeia aprovou o reforço em 4.000 ME do capital, com a activa participação do Estado. Em contrapartida, a CGD comprometeu-se com um plano de reestruturação assente em cortes de custos e vendas de activos não 'core'.
A margem financeira, diferença entre juros pagos nos depósitos e cobrados nos empréstimos, aumentou 18 pct para 983 ME, com os juros e encargos a deslizarem 25 pct para 860 ME.
"Esta evolução favorável traduziu uma redução () no custo de funding, beneficiando de parte do cancelamento dos CoCos-Contingent Convertible Bonds no âmbito das medidas de recapitalização", explicou a CGD.
A redução do prejuízo foi também muito influenciada pela passagem a positivo dos resultados de operações financeiras, para 301 ME, de -44 ME no período homólogo.
O produto global da actividade cresceu 45 pct para 1.668 ME. Em termos de almofadas de capital, o rácio CET1 'fully implemented' melhorou para 12,8 pct, de 9,3 pct há um ano.
"A recapitalização reforçou a solvência", explicou a CGD.
DEPÓSITOS CAEM
A CGD aumentou as comissões cobradas aos clientes, cujos depósitos contraíram 5 pct para 67.786 ME.
Contudo, o banco estatal manteve a liderança em Portugal com uma quota de 27 pct em Agosto.
Apesar da descida dos depósitos, o rácio de transformação de depósitos em crédito diminuiu para 87,9 pct, de 90 pct.
"Temos uma estrutura de 'funding' sólida assente no retalho", afirmou.
Os custos com pessoal dispararam 41 pct para 754 ME e os custos de estrutura cresceram 21 pct para 1.119 ME.
O programa de pré-reformas e de rescisões por mútuo acordo absorveu 273 ME, tendo o número de empregados descido 8,6 pct para 7.867.
As provisões e imparidades diminuíram 0,5 pct para 408,6 ME. Os impostos aumentaram para 186 ME, de 1 ME.
O crédito a clientes bruto recuou 8 pct para 64.295 ME, com o crédito a empresas a sofrer a maior descida: 19 pct.
"O crédito em Portugal segue a tendência do mercado", disse o banco, numa apresentação.
Os activos não correntes detidos para venda aumentaram 80 pct para 1.334 ME.
O rácio de crédito malparado desceu para 13,3 pct, de 15,8 pct.
(Editado por Sérgio Gonçalves)