LISBOA, 23 Mar (Reuters) - A Universidade Católica prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal contraia entre 4% e 20% em 2020, contra o crescimento de 2,2% em 2019, devido à crise económica gerada pelo surto de coronavírus.
A estimativa do Forecasting Lab/NECEP desta universidade, num cenário central, em que "a fase crítica da epidemia dura cerca de 3 meses", aponta para uma contração homóloga de 10% do PIB português.
No cenário pessimista, em que "o controlo da epidemia se prolonga por 6 meses", a economia portuguesa caíria 20% e, no cenário optimista, em que essa fase crítica "não se prolonga muito para além de abril" teria uma queda de 4%.
As estimativas da Católica implicam que Portugal teria uma contração que seria o dobro da verificada na zona euro, em qualquer dos três cenários.
A taxa de desemprego, que se situou em 6,5% em 2019, poderia subir para de 8,5% a 13,5% em 2020, com o ponto central em 10,4%.
"A pandemia do COVID-19 criou uma disrupção generalizada na economia mundial. Um colapso abrupto das economias desenvolvidas é agora o cenário mais plausível, se bem que subsista uma elevada incerteza sobre a dimensão e a duração da contração", disse.
Neste contexto, "as decisões governamentais e dos bancos centrais influenciarão significativamente a atividade económica no curto prazo".
Afirmou que "o Governo português anunciou já algumas medidas avulsas que deverão ser reforçadas para proteger os indivíduos, famílias, empresas e instituições que, sem um auxílio imediato, correm sério risco de colapsar por via do previsível aumento do desemprego e da generalização dos incumprimentos financeiros e das falências".
A Católica alertou que as "autoridades estatísticas terão dificuldades em calcular o crescimento económico do primeiro e segundo trimestres do ano".
"Como esta crise se abateu sobre Portugal apenas em meados de Março, os dados do primeiro trimestre podem vir a transmitir, ainda, uma ideia de normalidade ou de uma quebra relativamente pequena face aos desenvolvimentos dramáticos dos últimos dias", concluiu.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)