Por Sergio Goncalves
LISBOA, 25 Jun (Reuters) - O CEO da EDP-Energias de Portugal EDP.LS António Mexia está a fazer um 'roadshow' com investidores e analistas, que passou por Londres e vai a Pequim e Nova Iorque, após o 'management' dizer que o preço do 'bid' da China Three Gorges é baixo e que quer mais informação sobre o projecto, disse fonte oficial da EDP.
O Expresso, no Sábado passado, disse que a equipa de gestão da EDP iniciou uma ronda de apresentações no estrangeiro para convencer investidores e analistas do mercado de que a contrapartida oferecida pela CTG pelas acções da eléctrica é demasiado baixa.
"A EDP confirma que está em curso um 'roadshow' da EDP que, na semana passada, passou por Londres, esta semana passará por Pequim e na próxima semana por Nova Iorque", disse um porta-voz da EDP.
"O Chief Executive Officer (CEO) da EDP vai falar com investidores e analistas", referiu.
Adiantou que a "EDP já considerou o preço baixo e, embora o projecto industrial proposto seja meritório, precisa de muito mais informação".
"É neste contexto de necessidade de mais informação e esclarecimentos que surge este 'roadshow'", acrescentou.
No passado dia 11, o 'management' da EDP disse que vê méritos no projecto de estratégia industrial proposto pela CTG no 'bid' de 9.000 milhões de euros (ME), mas há aspectos que ainda têm de ser clarificados e o preço oferecido é baixo.
No relatório ao 'bid', o Conselho de Administração Executivo (CAE) adiantou que, "assim, o CAE não pode recomendar que os accionistas vendam as suas acções ao preço actualmente oferecido", frisando que procurará obter mais informação sobre as intenções estratégicas da CTG e o seu impacto na EDP.
A 15 de Maio, a CTG, lançou uma OPA geral sobre a EDP a 3,26 euros por acção, ou um modesto prémio de cinco pct face à cotação de fecho anterior.
A cotação da EDP tem estado sistematicamente acima da contrapartida e fechou nos 3,389 euros, com os investidores a apostarem num aumento do 'bid' da CTG ou até numa contra-oferta.
O grupo chinês lançou também uma OPA geral sobre a EDP Renováveis EDPR.LS , que é detida em 82,6 pct pela casa-mãe EDP, a 7,33 euros por acção, ou seja um valor até abaixo dos 7,845 euros a que tinha fechado.
Neste caso, o CAE da EDP Renováveis foi mais directo e "recomenda não aceitar o preço da oferta", destacando que "as potenciais implicações e desfechos regulatórios, em particular aqueles que poderão afectar a actividade nos Estados Unidos, não são claros e poderão ter impacto na estratégia e perspectivas de crescimento da EDP Renováveis".
O 'management' da EDP disse que o prémio implícito oferecido pelo grupo EDP é "significativamente abaixo" em transacções em dinheiro no sector europeu das utilities, no mercado ibérico, em casos em que o oferente adquire controlo.
Explicou que, nas OPAs com aquisição de controlo consideradas, os accionistas receberam um prémio médio sobre o preço Spot entre 32 pct e 40 pct, e um prémio sobre o Volume Weighted Average Price (VWAP) dos últimos 6 meses entre 36 pct e 45 pct.
Disse que, "mesmo considerando ofertas públicas bem-sucedidas lançadas por accionistas com uma participação minoritária significativa e com o intuito de adquirir controlo, o prémio médio varia entre 27 pct e 33 pct, sobre o preço Spot e o VWAP dos últimos 6 meses, respectivamente".
Adiantou que o múltiplo de EBITDA implícito no 'bid' - 9,3x EV/EBITDA de 2017 - está abaixo da média paga em transacções precedentes relevantes para aquisição de controlo no sector europeu das utilities, entre 10,6x e 10,7x.
(Por Sérgio Gonçalves, Editado por Patricia Vicente Rua)