Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 3 Mar (Reuters) - A NOS NOS.LS espera que os rivais em Portugal tenham "aprendido a lição" do aumento de custos com a recente 'batalha' por conteúdos desportivos e não avancem para a compra de grupos de media, disse o Chief Executive Officer da NOS, Miguel Almeida.
"Não tememos nenhum concorrente. Em relação ao que são conteúdos livres, neste caso que tenham influência ou componente relevante de notícia, ou sejam os chamados 'free-to-air', e que têm regras de licenciamento, vemos da mesma forma que os conteúdos desportivos: devem ser universais", disse o CEO, em conferência de imprensa.
A compra de conteúdos por telecoms é cada vez mais tentadora num momento em que, a nível global, o mercado se encaminha para a maturidade na oferta de pacotes convergentes e os operadores têm crescente dificuldade em diferenciar-se.
No início de 2016, Patrick Drahi, Chairman da Altice, disse que a multinacional estava interessada em fazer aquisições no sector de media em Portugal. é um caminho que certamente vamos seguir proactivamente e não é um caminho que gostássemos. Enquanto empresa do sector e enquanto cidadão parece-me pouco positivo para os consumidores e sociedade. Do nosso lado não esperem nada, pelo menos de forma proactiva".
"Não quero acreditar que isso vai acontecer (aquisição grupos media). É verdade que também não queria acreditar que também ia acontecer nos conteúdos desportivos".
No final de 2015, a NOS e a PT lançaram-se numa disruptiva corrida por conteúdos de transmissão de jogos de futebol da Primeira Liga, cujo investimento previsto ascende a mais de 1.600 milhões de euros.
Em Julho, os dois maiores 'players' em Portugal fecharam um acordo de partilha dos multimilionários conteúdos de futebol, que inclui Vodafone e Nowo, afastando esta crucial incerteza. por acção de um concorrente nosso que nos vimos obrigados a neutralizar o movimento de tentativa de criação de vantagem", frisou Miguel Almeida.
"Respondemos a essa ameaça de forma muito assertiva e clara. Ganhámos vantagem destacadíssima e não a utilizámos da forma que outros queriam utilizar quando iniciaram o processo. Garantimos acesso universal em condições equivalentes".
Segundo CEOs e analistas, as telecoms mais pequenas como a NOS e a NOWO vão ficar numa posição de desvantagem face aos grandes 'players' europeus, como Vodafone e a Altice, se os reguladores optarem por uma doutrina de 'laissez faire' nas fusões das empresas de telecom com as de media.
"Mas tivemos de actuar. Nesta fase o que digo é que não quero acreditar que se vá por aí porque até é relativamente claro que o balanço final do processo todo associado aos conteúdos desportivos do ponto de vista dos operadores não é positivo. Portanto, a lição talvez tenha sido aprendida. Aumentar custos não é positivo", disse o CEO da NOS.
O lucro da telecom cresceu 9 pct para 90,4 milhões de euros no ano passado, em linha com a média de previsões dos analistas, apoiado por um crescimento das receitas, assentes na maior adesão a pacotes convergentes. L5N1GF85G
O CEO da NOS disse que o segundo semestre de 2016 já acarretou um aumento material dos custos com conteúdos desportivos.
"Em 2017 esse impacto vai-se manter do ponto de vista do comparativo com 2016. No primeiro semestre não se alteram. No segundo semestre (de 2017) há um ligeiro aumento, por vários factores", projectou Miguel Almeida.
"Não cremos que isso, associado ao crescimento esperado para 2017, nos vá impedir de reforçar os resultados e levá-los a subirem". (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)