Por Sergio Goncalves
LISBOA, 11 Mai (Reuters) - A estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), maior banco de Portugal, teve um lucro líquido consolidado de 68 milhões de euros (ME) no primeiro trimestre de 2018, face ao prejuízo de 39 ME há um ano, com um robusto corte de custos e uma forte descida do crédito malparado.
A margem financeira consolidada - diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos - deslizou, em termos homólogos, 1 pct para 207 ME entre Janeiro e Março de 2018, tendo sido "impactada por efeitos cambiais", em especial as depreciações de 30 pct do kwanza angolano e de 14 pct da pataca macaense.
Contudo, a margem financeira da CGD Portugal subiu 6,1 pct para 182,9 ME.
Afirmou que as comissões consolidadas cresceram 9,4 pct para 115,5 ME, tendo crescido 13,8 pct na operação em Portugal, "reflectindo as medidas do Plano Estratégico implementadas em 2017".
Realçou que os ganhos de trading caíram a pique 65 pct para 28 ME, tendo "fortemente influenciado" a descida homóloga de cinco pct no produto bancário para 434 ME.
Os custos de estrutura desceram 9,2 pct para 297,5 ME, tendo os custos operativos recorrentes descido 11,3 pct, resultado da queda de 8,4 pct nos custos com pessoal, de 12,5 pct dos gastos gerais administrativos e de 28,5 pct da depreciações e amortizações.
O cost-to-income - excluindo custos não recorrentes - caiu de 58,4 pct em Março de 2017 para 53,8 pct em Março de 2018.
"O resultado de exploração core progrediu no trimestre 27,3 pct, atingindo os 173 ME", destacou a CGD, adiantando que resultado inclui um impacto total líquido de impostos de 10,7 ME referente a custos não recorrentes.
"Após a conclusão com sucesso do primeiro ano do Plano Estratégico CGD 2020, a CGD inicia 2018 com um trimestre de clara progressão no seu caminho de rendibilidade, eficiência e qualidade de ativos", referiu em comunicado.
O retur-on-equity (ROE) líquido subiu para 3,8 pct em Março de 2018, quando em Março de 2017 se fixou num valor negativo de 1,9 pct.
FORTE QUEDA PROVISÕES
As provisões e imparidades desceram para apenas 12,6 ME no primeiro trimestre de 2018, contra 108,3 ME há um ano atrás, quando fez elevadas provisões relativas a alienação de atividades internacionais.
Afirmou que a queda dos depósitos em 2,1 pct ou 1.359 ME para 62.140 ME no final de março de 2018 "teve origem principalmente na actividade internacional onde caíram 1.174 ME ou 10,5 pct, refletindo a desmobilização de depósitos de clientes institucionais em Macau".
Realçou que, no mercado nacional, a CGD manteve a sua posição de liderança, tanto nos depósitos totais com uma quota de 26,3 pct, como nos depósitos de particulares com 29,7 pct.
O crédito líquido a clientes caiu 8 pct para 53.762 ME, "fortemente influenciado pela política de redução de non-performing loans".
QUALIDADE MELHORA
Afirmou que "a qualidade de ativos da CGD registou uma evolução favorável, com o montante de non performing loans (NPL) a reduzir-se em 592 ME ou 7,5 pct face a Dezembro de 2017, dada a evolução positiva sentida nas componentes de vendas, curas e recuperações".
O rácio de NPL atingiu os 11,4 pct no final do trimestre, e a sua cobertura por imparidades e colateral fixou-se em 60,1 pct e 44,4 pct respetivamente, sendo a cobertura total de 104,5 pct.
"Nos últimos cinco trimestres a CGD reduziu os seus NPL em 3,3 mil ME, o equivalente a menos 30,9 pct se comparado com dezembro de 2016", acrescentou o banco estatal.
Os rácios de capital 'common equity' Tier1 (CET1) phased-in e fully implemented em março situaram-se ambos no nível confortável de 13,6 pct.
(Por Sérgio Gonçalves)