Por Sergio Goncalves
LISBOA, 26 Jul (Reuters) - A EDP-Energias de Portugal EDP.LS está aberta a todas as opções estratégicas para a EDP Brasil, mas têm de criar valor para os accionistas da casa-mãe, disse o CEO António Mexia, quando há notícias sobre uma eventual 'joint venture' com a chinesa CTG.
Em Março, fontes disseram à Reuters que a EDP e a China Three Gorges (CTG) poderiam avançar para uma JV no Brasil e América Latina, se o 'bid' de 9.000 milhões de euros (ME) que a CTG lançou sobre a EDP falhasse, o que aconteceu em Abril. a CTG, que é o maior accionista da EDP com 23% do capital, tem uma capacidade instalada superior a 8 GW no Brasil, que é muito mais do que os cerca de 3 GW da EDP.
Uma fusão simples entre a EDP Brasil e a CTG Brasil poderia implicar que a casa-mãe EDP tivesse uma forte diluição da sua posição de 51% que tem na subsidiária brasileira.
Hoje, perguntado sobre uma possível injeção de activos na EDP Brasil tornar a EDP minoritária na operação brasileira, Mexia disse: "continuamos a avaliar quaisquer opções, (mas) na medida em que continuem alinhadas com a nossa 'equity story' e criem valor para os nossos accionistas".
"Na vida a questão-chave é manter os princípios e as linhas que não cruzaremos e, portanto, não faremos nenhuma evolução na plataforma do Brasil que não faça sentido para a EDP", adiantou numa conference call com analistas.
Explicou que a EDP Brasil tem um "papel relevante" nos negócios do grupo e qualquer movimentação teria de "respeitar os interesses dos minoritários".
"Mas especialmente não vamos nos mover em nenhuma direcção que não cumpra os interesses dos accionistas da EDP, que não entregue o valor do que acreditamos ser o valor total do Brasil".
Frisou: "estamos prontos para fazer o que for ... mas nós não vamos estar uma situação insípida (wishy-washy)".
Mexia afirmou ainda que há "forte interesse do mercado" pelos activos hidroeléctricos que estão a vender na Ibéria, tendo compartilhado informação com quem está "realmente a sério" e espera 'non binding offers' no final da próxima semana.
A EDP quer encaixar mais de 2.000 ME com alienações destes activos, querendo "reduzir a exposição à Ibéria/'merchant/'térmica'".
O lucro líquido consolidado da EDP-Energias de Portugal cresceu 7% para 405 milhões de euros (ME), suportado pela forte performance das renováveis, apesar do prejuízo no mercado português com a pressão fiscal e regulatória, bem como a seca.
O maior grupo industrial de Portugal, que controla a EDP Renováveis EDPR.LS e a EDP-Energias do Brasil ENBR3.SA , afirmou que o EBITDA-Earnings before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization "beneficiou do forte crescimento no negócio de renováveis" e cresceu 11 pct para 1.908 ME.
"Nós consideramos que ainda é possível alcançar o consenso de um lucro líquido próximo de 800 ME (em 2019), dependendo naturalmente das condições hídricas e eólicas", disse. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)