CORUCHE, 29 Jun (Reuters) - Uma empresa de tecnologia portuguesa está a 'sacar a rolha' de um smartphone Android cuja caixa é feita de cortiça, um material natural e renovável nativo do país ibérico.
O telefone da Ikimobile é um dos primeiros a usar materiais diferentes do plástico, metal e vidro e representa um impulso para o sector de tecnologia do país que já tem feito avanços no desenvolvimento de software, contudo menos na fabricação de hardware.
Uma versão 'Made in Portugal' do telefone deve ser lançada este ano, quando a Ikimobile concluir uma fábrica para transferir a maior parte da sua produção da China.
"A Ikimobile quer colocar Portugal no caminho para o futuro e tecnologia, enfatizando este produto português", disse o CEOU da empresa, Tito Cardoso, à Reuters, na fabrica de cortiça da Ikimobile na zona de Coruche, a 80 quilómetros a oeste de Lisboa.
"Acreditamos que o produto oferece algo diferente, algo que as pessoas podem-se sentir bem ao usar", disse ele. A cortiça é colhida apenas a cada nove anos sem ferir os carvalhos e é totalmente reciclável.
Portugal é o maior produtor de cortiça do mundo e o telefone também marca o mais recente esforço para diversificar a sua utilização para além das rolhas de garrafas de vinho.
As exportações portuguesas de cortiça recentemente voltaram aos seus máximos de 15 anos atrás, já que as rolhas de cortiça recuperaram a quota do mercado do plástico e do metal. Portugal também exporta outros produtos de cortiça, tais como pavimentos, roupas e pás de turbinas eólicas. camada de cortiça cobre as costas do telefone, proporcionando isolamento térmico, acústico e anti-choque. A cortiça vem em cores que vão do preto ao castanho claro e tem propriedades antibacterianas certificadas e protege contra a radiação da bateria.
Cardoso disse que a Ikimobile está a trabalhar com a Universidade do Minho, no norte de Portugal, para tornar o telefone ainda mais "verde" e espera substituir em breve uma base de corpo de plástico por materiais naturais.
O material, aglomerado ao usar apenas resinas naturais, exigiu anos de pesquisa e testes para o uso em telefones.
A fabrica deve produzir 1,2 milhões de telefones por ano - um pingo no oceano em comparação com as entregas globais de quase 1.500 milhões de smartphones no ano passado.
A maioria dos telefones celulares é produzida na Ásia, mas a fabricação local ajuda a aproveitar a disponibilidade de cortiça e a marca "Made in Portugal" atrai consumidores na Europa, Angola, Brasil e Canadá, disse Cardoso.
Em 2017, a empresa vendeu 400.000 telefones montados na China, incluindo telefones de características simples. A mesma espera superar este número com a produção local este ano. Os modelos 'top-of-the-line' de cortiça, que custam 160-360 euros, representam 40 pct das vendas.
Texto integral em inglês: por Andrei Khalip; Traduzido por Nadiia Karpina, Gdynia Newsroom; Editado em português por Sérgio Gonçalves em Lisboa)