LISBOA, 2 Jan (Reuters) - Os estivadores de oito portos portugueses entregaram um novo pré-aviso de greve a vigorar entre 16 de Janeiro e 1 de Julho, acusando as entidades patronais de assédio moral, com discriminação e ameaças de despedimento, anunciou o SEAL-Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística.
Os portos visados pela nova greve são os de Lisboa, Setúbal, Sines, Figueira da Foz, Leixões, Caniçal, Ponta Delgada e Praia da Vitória.
Os estivadores do porto de Setúbal estiveram em greve desde 5 de Novembro até 14 de Dezembro, quando chegaram a acordo com os operadores portuários para a integração de 56 trabalhadores precários. Esta greve impediu o transporte marítimo de mais de 20 mil viaturas fabricadas na Volkswagen Autoeuropa.
No entanto, após o acordo fechado para assegurar a paz social no porto de Setúbal "não se encontram minimamente satisfeitas as garantias de resolução dos problemas assinalados nos restantes portos nacionais", que fazia parte do que tinha sido acordado, segundo o SEAL.
"A greve envolverá todos os trabalhadores portuários efectivos e também aqueles que possuam vínculo contratual de trabalho portuário de duração limitada, cujas entidades empregadoras ou utilizadoras sejam ETP's (Empresas de Trabalho Portuário) ou empresas de estiva em atividade nos referidos portos", afirmou o SEAL em comunicado.
"As empresas portuárias dos referidos portos, em inúmeros casos coniventes com os sindicatos locais, protagonizam e induzem uma série de comportamentos que configuram diferentes tipos de assédio moral", afirmou o SEAL em comunicado.
Adiantou que este assédio moral vai "desde a perseguição à coação, desde o suborno à discriminação, desde as ameaças de despedimento até à chantagem salarial".
Realçou que estes "comportamentos 'criminosos' que pretendem, não apenas colocar os trabalhadores uns contra os outros, mas evitar que os mesmos procedam à sua sindicalização de forma livre e consciente".
A greve consubstanciar-se-á na abstenção de todo e qualquer trabalho, em qualquer porto, durante as primeiras 72 horas após a entrada de todos os navios provenientes dos portos do Caniçal e da Praia da Vitória.
Também são visados nesta greve os navios pertencentes aos armadores que integram o Grupo Sousa - ENM, BOXLINES e PCI.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)